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Cuide bem do seu blog: o WordPress está sob ataque

WordPress-Security

Aconteceu comigo e também em muitos outros blogs e sites que usam o WordPress como sistema de publicação. Injeção de código malicioso, ataques, anúncios inesperados e indesejados. Com a ajuda dos magos do código e do servidor, fui resolvendo e me sentindo perseguida. Não é o caso. Esta semana, o blog da PortoFacil, avisa que a nossa vida de blogueiros está, sim, mais difícil. E não deve melhorar tão cedo. Nas palavras do Jânio:

O que está prestes a acontecer (na verdade, dizem que já está acontecendo) é que uma botnet* com 90.000 (isso mesmo, noventa mil) máquinas está programada para fazer ataques de força bruta contra blogs WordPress. As máquinas da botnet tentam invadir o WP utilizando o usuário admin, a partir do que podem inserir códigos maldosos nas contas de hospedagem, vindo a criar uma rede não de PCs zumbis, mas de servidores zumbis, o que é muito mais preocupante porque servidores costumam ter poderosas conexões de rede, e não raro hardware de sobra para as necessidades dos sites rodando neles.

Além disso, como o WordPress é a mais popular plataforma de blogs em uso, flexível, bacana, poderoso – mais o código aberto, facilidade de programar e estender suas funções – o torna um similar ao Windows como sistema operacional. E, do mesmo jeito, alvo para o povo que faz dos vírus e malware seu modo de vida.

As dicas de proteção para o seu WordPress

  1. Nunca tenha um usuário ADMIN. Sim, é fundamental acabar com ele. Crie outro, pelo amor.
  2. Senha FORTE (números, letras, símbolos).
    1. Tem no mínimo oito caracteres (mais é melhor)
    2. Esquisita
    3. Usa pelo menos letras e números. Incluir maiúsculas e minúsculas aumenta a segurança. Símbolos elevam ainda mais o grau.
    4. Difícil inventar? Sabe aquela frase que você gosta muito? Desenhe a mesma no teclado usando números, símbolos e tudo o que houver… costuma dar muito certo.
    5. Ainda não conseguiu inventar sua senha forte? Use o Gerador de Senhas da Via Hospedagem. E se vira pra decorar.
  3. Oculte a área administrativa. Quem conhece o WordPress sabe onde está a porta de entrada. Mude o lugar e seja feliz.
  4. MANTENHA O WORDPRESS ATUALIZADO. (preciso gritar mais alto?)
  5. Atualize todos os plug-ins! Sempre.
  6. Plugin mágico: Better WP Security. Sim, uso em todos os sites e recomendo. Quem ensinou foi o Becher, lá no blog da ViaHospedagem: Protegendo a casa com o Better WP Security.
  7. Nunca use o mesmo navegador para atualizar os sites e navegar. Sim, a partir de agora, revezamento entre Chrome e Safari, Chrome e Firefox, Chrome e Opera…
  8. Anti-vírus e firewall atualizadíssimos. Scan na sua máquina local com frequência (senão, de que vale pagar anti-vírus e ter a ferramenta?).

Daí, você (como eu) faz tudo isso e… pimba! Invasão aconteceu.

Calma! Repito: calma! Depois de repetir tudo por muitas vezes (mesmo), você cansa – mesmo com a ajuda dos santos Becher e Jânio e Fabio Lobo. E desesperança também. Não tema. Há uma saída: super Manoel Netto – que, sim, também já foi vítima destes canalhas – descobriu como fechar o corpo do WordPress.

Ele muda muita coisa, uma parte do trabalho fica BEM mais difícil, mas… funciona.

Vou além: para quem lê inglês, duas páginas do WordPress.org que foram altamente instrutivas para mim, durante o processo de escrita deste post:

Hardening WordPress (endurecendo o WP, tradução tosca)

FAQ: My site was hacked – FAQ dos sites hackeados

Lembrete importante: neste cenário, mais do que nunca, é importante ter backups do seu site (fazer toda semana, mesmo). As dicas de como fazer estão lá, no velho e bom códex do WP…A Denise Rangel também tem um ótimo tutorial.

Cuidem-se. E vamos seguir tentando fazer da internet um bom lugar…

A imagem do cadeado foi devidamente surrupiada do Manoel Netto.

[Post publicado originalmente no Ladybug Brasil, reproduzido aqui devido à gravidade da situação]

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Opinião

Mulheres nas Cidades

A violência infelizmente está espalhada pelas grandes cidades. Porém, homens e mulheres vivem, sentem medo e enfrentam experiências e restrições diferentes. Mulheres sentem muito mais medo do assédio e da violência sexual, seja de dia ou de noite. Há desde preocupações com o assédio sofrido nos transportes coletivos até a preocupação com estupros que limitam a mobilidade das mulheres e reduzem seu acesso a espaços públicos. Porém, o pior é saber que muitas vezes as mulheres são culpabilizadas pela violência que sofrem. Foi roubada? Quem mandou passar naquela rua escura a essa hora? Milhares de mulheres são obrigadas a voltar para casa tarde da noite porque trabalham ou estudam. Foi violentada? Quem mandou sair de minissaia ou com essa roupa indecente? Quem mandou ficar bêbada? Nenhuma dessas atitudes é um convite ao estupro.

Woman on Subway. Foto de Ronn aka Blue Aldaman no Flickr em CC, alguns direitos reservados.

No texto “Cidades mais seguras para mulheres”, Renata Neder, da ONG internacional Action Aid, discute a segurança das mulheres nas cidades do mundo, pontua questões que contribuem para a insegurança e fala sobre o que está sendo feito em alguns países:

É muito comum que meninos comecem a andar sozinhos pela cidade muito antes das meninas, ou que rapazes voltem para casa de ônibus de madrugada enquanto as adolescentes preferem os taxis ou a carona de um dos pais. Mulheres sentem medo de praças vazias, de ruas desertas, de becos escuros, de transporte público, com muito mais frequência que os homens. E, por isso, internalizam no seu cotidiano diversas práticas ou restrições que as fazem sentir mais seguras. Fazemos isso com tanta naturalidade que nem nos indignamos mais com o fato de, na prática, não exercermos os mesmos direitos que os homens no acesso à cidade e vivência da vida urbana.

Não é certo delegar às mulheres a responsabilidade por sua segurança. As cidades devem ser seguras para as mulheres, e Estado e sociedade devem garantir isso.

É fundamental garantir a segurança das mulheres e sua mobilidade nos espaços públicos e privados. E segurança, neste caso, não tem a ver apenas com não-violência, mas com todas as decisões que muitas vezes as mulheres são forçadas a tomar (a respeito de uma roupa ou de um trajeto, por exemplo) por medo e por insegurança.

As cidades seguras também dizem respeito aos estereótipos sócio-culturais e pressupostos a respeito do “lugar” da mulher na sociedade e na cidade. Ideias que ditam o que é apropriado ou não para uma mulher. Para tornar uma cidade segura para as mulheres, é fundamental questionar essas ideias construídas e estabelecidas.

As cidades brasileiras são seguras para as mulheres? Como nos sentimos no ônibus ou no metrô lotado? É apenas a sensação de que estamos numa lata de sardinha ou torcemos o tempo todo para que ninguém passe as mãos por nosso corpo? Quando estacionamos o carro à noite na rua ou quando voltamos para pegá-lo, temos medo apenas de um assalto ou de que a pessoa nos leve para um lugar ermo e nos ameace? Nas ruas movimentadas dos grandes centros, as mulheres podem caminhar livremente sem serem abordadas com palavras agressivas de quem a deseja com os olhos? No ponto de ônibus vazio, quando alguém vem abordá-la, como você se sente? Ao contratar um serviço para ir até sua casa você toma alguma precaução? Quando fica bêbada num bar ou na boate, você já escapou de alguma situação de abuso? Quantas vezes você já soube de casos de estupro próximos da sua faculdade?

Pensar em cidades mais seguras para mulheres não passa apenas por mudanças na infraestrutura. Isso é o básico, é preciso ir além e questionar os pressupostos sociais e culturais a respeito do que é considerado o “lugar” adequado para a mulher na sociedade e, consequentemente, na cidade.  É necessário que as mulheres sejam vistas como cidadãs, com direitos que devem ser respeitados ao invés de culpá-las pelo tamanho da saia que usam.