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O coaching que brotou no LuluzinhaCamp

Patrícia Andrade no LuluzinhaCamp-2013

Pouco antes do último encontro, apareceu entre nós a Patrícia Andrade, coaching e fundadora do ybr. Ela entrou para o grupo e tem compartilhado com nossas mulheres a sua experiência e expertise, ajudando várias de nós a encontrar caminhos, aproveitar melhor a nossa energia profissional.

Num encontro, ela falou da alegria em trabalhar com a gente. E eu pedi que ela escrevesse algo sobre o coaching e o resultado. Claro que quem está no processo com ela também veio aqui contar a experiência. Com vocês, a coaching e as coachees!

Patrícia Andrade:

Após trabalhar mais de 25 anos no mundo corporativo, decidi dedicar essa nova fase da minha vida a ajudar as pessoas a se desenvolverem. Escolhi para isso o coaching como ferramenta de transformação, por seu aspecto extremamente prático e objetivo (o que tem muito a ver comigo).

O coaching executivo, aquele contratado pelas empresas, é muito mais disseminado e tem seu mercado. Mas o coaching para pessoas, que buscam o método para mudar, crescer, atingir um objetivo, ainda é um mercado em desenvolvimento – tanto pela dificuldade do público em perceber o valor desse serviço como pela enxurrada de coaches no mercado (alguns bastante competentes, outros apenas aproveitando a onda).

Nessa minha jornada para estabelecer um novo rumo, tenho procurado grupos para explicar o trabalho e oferecer o serviço, além de motivar pessoas para contratar um programa de coaching em empresas, espaços de coworking, associações, etc.

O LuluzinhaCamp foi um desses grupos aos quais eu apresentei minha proposta. E que surpresa foi ter tido esse imenso retorno! A diferença de adesão é tão grande que me fez pensar: por que esse grupo responde tão bem ao chamado de transformação?

Não é um grupo social com altos rendimentos, tampouco se diferencia essencialmente dos outros por ser composto por pessoas que trabalham com internet ou pela idade (a maioria pertencente à geração Y). E é fato que tenho percebido uma maior adesão de mulheres aos programas. Entendo isso como resultado de um “desempoderamento” sistemático das mulheres, que hoje buscam seu caminho. Mas o LuluzinhaCamp vai além disso. O que será que diferencia esse grupo?

Pensei, pensei e pensei, e só vejo uma explicação: o motivo para tão alta adesão é o mesmo que traz as Luluzinhas para o coletivo: atitude. São mulheres que se posicionam, têm opinião, lutam pelo que querem, se apoiam, têm uma história.

O LuluzinhaCamp é mais do que um grupo de mulheres blogueiras ou que ganham sua vida na internet. É uma filosofia de vida.

Estou muito contente e agradecida pelo grupo ter me acolhido e depositado a confiança no meu trabalho. Temos feito descobertas e evoluções incríveis. Participar da vida e da conquista dessas mulheres provocou em mim um profundo impacto e sentimento de compromisso.

Meu problema começa agora, quando alguns dos programas estão chegando ao fim e não vou mais ver as minhas Luluzinhas todas as semanas. Síndrome de coach? Bem, vou aprender a conviver com isso. Ainda bem que mais Luluzinhas virão. Para encher meu coração de alegria!

 

Juliana Garcia Sales:

O coaching em primeiro lugar traz clareza, que era algo que eu precisava, entrei no processo totalmente confusa, sem rumo.

Como acabei vindo para João Pessoa, o coaching me ajudou a formatar rapidamente um negócio, baseado em meus valores pessoais.

Eu creio que quem tenha a possibilidade deve fazer, pois é uma experiência muito legal, que traz muitas alternativas para a vida.

Lu Terceiro:

“Procurei o coaching num momento em que não sabia muito bem se precisava de um padre, um terapeuta, um curandeiro ou um coach 🙂 Como uma pessoa normal, que acumula diversos tipos de função (ser mãe, profissional, chefe, funcionária, esposa, dona de casa), eu estava num momento crítico, tentando descobrir ferramentas para trabalhar melhor meu lado profissional, e assim, de certa maneira, amenizar minhas crises existenciais.

Como numa espécie de terapia, é importante confiar no seu coach. Ele vai te ouvir, e isso significa ouvir seus medos, seus erros e seus defeitos, porque tudo isso também está presente quando você fala do seu trabalho, da sua vida profissional. Por isso, é difícil achar um coach que você se identifique. Pensando nisso, escolhi a Pat por ela ter essa afinidade com o grupo das Luluzinhas. Se o grupo depositava essa confiança nela, significava que teria grandes chances de encontrar nela uma pessoa que entendesse minha situação.

De fato, a Pat tem um conhecimento sobre as dinâmicas corporativas que me ajudou bastante. Além de me ouvir e me ajudar a identificar caminhos, ela trouxe ferramentas e técnicas que me auxiliaram bastante no dia-a-dia do trabalho. Ainda tenho muito para aprender (10 sessões é pouco!) e eu realmente enxergo na figura do coach uma pessoa que pode te auxiliar a ser alguém melhor, não apenas um profissional mais competente. Na correria que a gente vive, ter um tempo para o coaching é quase um período de meditação, onde você consegue parar, pensar e se planejar para as mudanças necessárias, mas que muitas vezes deixadas de lado.”

Esclareço que a Patrícia está atendendo várias outras que, por motivo de tempo ou correria não mandaram seus depoimentos para o post.

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Valente não é violento

Amanhã, dia 10, é dia de blogagem coletiva para encerrar os 16 Dias pelo fim da violência contra as mulheres (que começa, a principio no dia 20 de novembro e que deixamos passar batido neste ano).

Convidei todo mundo no grupo de discussão para participar da roda de debate. Também é Dia Internacional dos Direitos Humanos. E quem convocou a blogagem é ninguém menos que a ONU Mulher, braço da entidade voltado às políticas para as mulheres. Que, sim, tem que falar de fim da violência e de inclusão no mercado de trabalho. E é o século 21, minha gente…

A proposta é que a gente fale sobre “as novas masculinidades”, transformações de estereótipos e do fim da violência contra as mulheres. Quem escrever, linka aqui que a gente faz uma listinha bacana, ok?

Vejo vocês amanhã, nos respectivos blogs.

Update – quem publicou:

Aqui no LuluzinhaCamp: Retratos do Brasil

Denise Rangel: http://drang.com.br/blog/2013/12/10/adultos-violentos-como-educa-los/

Patrícia Andrade: Pelo fim da violência contra as mulheres

Femmaterna: Se apanhar na escola, apanha em casa de novo

Blogueiras Negras: Valente: sobre estereótipos de gênero e violência

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Trabalho continua a ser tópico importante aqui

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Tudo começou com um desabafo. Numa mudança de rumos de carreira, uma das nossas mulheres está enfrentando um ambiente de trabalho hostil, em que tudo pode ser usado contra ela. Isso depois de trabalhar com outras pessoas do nosso grupo e crescer muito.

Ah, o universo do trabalho. Aquele que nos tira da cama, nos joga num trânsito violento, nos encaixa em cubículos – e paga os boletos na data escolhida. Passamos a maior parte do tempo útil no trabalho. E, em pleno século 21, com ótimas possibilidades no horizonte, continuamos sujeitas a um esquema criado na Revolução Industrial e aperfeiçoado nos séculos que aconteceram entre então e hoje.

Para completar, a gente lida com todas as variáveis que nos afetam: discriminação salarial, os filhos, a sensação de sermos fraudes (apesar de geniais nos nossos fazeres)… o tópico sempre rende longas conversas no grupo de discussão. E fica aberto aqui para que o público saiba: sim, a gente pensa, fala e imagina como transformar esse cenário.

Daí derivam várias questões que atravessam o nosso convívio – digital e presencial:

  • A capacidade de acolhimento
  • O empreendedorismo que corre nas veias de várias de nós.
  • A questão da qualidade dos ambientes de trabalho
  • Nossas escolhas e atitudes frente à vida

Algumas frases (sem identificação, porque assim ninguém vai saber de quem ou de onde falamos)

O ambiente de trabalho é o mais importante, é o que nos mantém sãos…

Te digo que onde quer que você vá, vai ter sujeira, má vontade, intriga… O esquema só funciona na base do fake ou da rasteira. (sobre o ambiente específico em questão)

“Já falei do lance provinciano que rola por aqui no trabalho e agora enfrento mais um problema, que é bem parecido com o seu: como lidar com gestores que sentem-se ameaçados com o seu trabalho e começam a boicotar suas ideias?

Minha equipe também não me ajuda em nada e faz um tempo que tenho trabalhado só por mim e feito as coisas de maneira diferente para tornar as tarefas mais agradáveis e menos penosas, digamos assim. ”

Se você pode procurar outro lugar, ou mesmo trabalhar sozinha, faça isso.

Pessoas boas e más existem em todos os lugares, e saber lidar com elas (principalmente as más) de maneira inteligente é realmente um exercício diário e sofrido. E isso nos torna muito mais safas e fortes

“quando tive minhas crises [de pânico], tive muita vontade de sumir e parar de trabalhar. mas tenho contas, né? Será que há alguma maneira da gente se proteger disso? de se deixar mais imune? eu não sei. passo tantas horas no trabalho, mais que com meu marido. e penso que ele deveria ser uma continuação da minha casa.”

Algumas declarações importantes lá do tópico específico que falam muito sobre o que vivemos.

Sobre empreender:

Montar um negócio mesmo um café, uma loja física, exige muita conta de mais e menos e muita certeza de até onde você pode ir, se não você só perde dinheiro – ganha experiência, isso é verdade, mas estou numa fase em que perder dinheiro não é opção.

Sobre lideranças:

Uma coisa que eu venho aprendendo na vida é o quanto as lideranças impactam na cadeia do negócio. É muito difícil um ambiente ser amoroso se o líder não o é. É muito difícil um ambiente ser agressivo se o líder não o é. O único jeito de isso acontecer é o seu gestor direto ter muita autonomia (pois é ele que vai conseguir filtrar o que vem da liderança e transformar tudo aquilo em alguma outra coisa).

Às vezes é difícil captar se o gestor tem realmente autonomia ou não, até porque ele normalmente tenta esconder o fato de não ter autonomia, mas de repente espelhar-se diretamente nas lideranças do negócio (seja ele qual for) seja o jeito mais fácil de encontrar um lugar bacana.

Outro aprendizado fortíssimo – e talvez uma das minhas maiores bandeiras – é a cultura do feedback. Mas não é o feedback babaca, aquele que só fica alisando. Feedback bom é aquele que incomoda, que faz a pessoa repensar no que ela fez e em como faria diferente. Somos seres pensantes e esse é o nosso forte. Feedback serve justamente para evoluir algo que não está tão legal. E se o seu gestor não é adepto de feedback? Maridão, certo dia, me deu a dica da vida: o melhor jeito de pedir um feedback é dando um. Comece o movimento (nesse caso, de dirigir-se a um superior, com muita educação) e de repente o movimento volta pra você.

Sobre o futuro:

Eu acho que a gente devia criar cooperativas ou espaços de coworking para mulheres lindas e inteligentes, mas falta um inve$tidor para dar um kickstart nessa idéia. Parar com essa me*** toda e criar uma espiral positiva, um novo modelo de negócio que rendesse filhotinhos e se espalhasse pelo país todo atraindo mais pessoas talentosas e do bem.

Como? Essa é a questão central em nossas mesas. Não há uma receita pronta para o bolo. Teremos que testar, inventar – e fazer. Podemos ir juntas. Podemos ir em mini-luluzinhacamp (o que já tem acontecido, de um jeito ou de outro). Existem mil jeitos de estar no mundo. E nós, no grupo, estamos aprendendo a construir isso. Em breve, as mudanças chegam aqui. 🙂

foto: Pink Sherbet Photography via Compfight cc

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Falando de parto: diálogos nada secretos de mulheres e seus partos plurais

Tudo começou com a Gabi Bianco mostrando um vídeo lindo de parto em casa: http://potencialgestante.com.br/video-parto/.

Aí a Ana Carolina mostrou de novo o vídeo da Naoli, que a Letícia já tinha mostrado há muito tempo atrás.

Claro que para a nossa Renata Corrêa falar do parto domiciliar foi um pulo:

Aliás, o que colocou uma pulga atrás da orelha para eu correr atrás de um parto humanizado foi quando eu comecei a ver fotos de partos e pensei: nossa, por que essas minas ficam rindo depois de ter o bebê? Eu sempre imaginei que você ficava acabadaça, de tanto que visitei amigas e parentes pós-cesárea no hospital.

Não que mulheres que passaram por uma cesárea não possam ter experiências boas, eu acredito que todas possam. Mas aqueles sorrisos ficaram gravados na minha mente. O bebê sai e a cara da mulher… Enfim. Algum tempo depois, quando tive a Liz, eu entendi, porque passei por aquilo, o sorriso hormonal, a alegria que te inunda. A gente acha que sentimentos elevados vêm da alma e o corpo se manifesta. O parto é a festa do corpo, o sentimento nasce do corpo e só depois habita a alma. Quando a Liz tava saindo eu falei “nossa, que delícia!”. Sempre achei que ia doer. As mulheres relatam um tal de círculo de fogo, que é quando o bebê passa pelo períneo e arde. Eu não senti. Senti prazer mesmo. Foi a sensação mais incrível da minha vida. Uma experiência corporal e sensorial única.

Bom, depois eu vi as fotos do parto e eu estava lá recebendo minha filha com aquele sorriso calmo, tranquilão. Nem eu lembrava dele, mas ele tava lá. 😉 Em anexo a minha cara #xatiadissima após parir a Liz. rs

 

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Suzana Elvas:

Eu vou falar aqui uma coisa que nunca disse a ninguém: eu sempre me sinto humilhada (sem razão, eu sei) quando leio relatos sobre mães que pariram naturalmente. Eu tive duas cesáreas (a segunda porque meu útero ia se romper e minha filha sentou) e nunca experimentei esse sentimento sublime. Só queria que acabasse, só queria dormir.

E quando leio relatos lindos como esse da Renata eu me sinto tão, mas TÃO diminuída, tão inferior, tão menos que não dá nem pra descrever.

 

Renata: Putz, te abraço muito. Tem coisas na vida que são imprevisíveis, a gente não controla nada nada nada nada…

As suas filhas chegaram para você de uma forma cirúrgica, e daí? Que bom que existe a cirurgia, senão sua filha mais velha estaria órfã, hoje, sem mãe, nem irmã. É um saco a recuperação de cirurgia, sono, dor? É. Mas foi essa tecnologia que permitiu que vocês estivessem aqui, todas juntas.

Eu sou a favor de ressignificar essa experiência, entender onde te dói. Ir fundo, pegar a dor mesmo, olhar na cara dela. Porque parto não define a qualidade de uma mãe. Não define amor. Só define… o próprio parto!

Beijos e abraços mais que apertados, de todo o meu coração.

 

Gabi Butcher: O momento é sempre lindo… Não importa como acontece…

 

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Lanika: Eu lembro que quando eu tava na água tendo a Carmen e sentindo cada parte do meu corpo eu só conseguia sentir que aquilo sim era o certo, que era assim, que era sábio e todo o alívio do mundo desceu sobre mim quando ela saiu. Tudo que sei é que nunca me senti tão… Naturalmente eu, tão no controle, tão centrada. Nem dá pra explicar o quão diferente foi do parto do Gabriel, em que me anestesiaram e eu não conseguia identificar o que estava sentindo, sabe? Eu fui conduzida no parto do Gabriel, o da Carmen foi meu todinho.

Enfim, parto humanizado é a coisa mais linda do mundo inteiro 🙂

 

Lanika pra Suzana: não tem nada de pequeno nos teus partos. Tem que ver issaí, gata :***

 

Suzana para Lanika: Ah, eu sei, Lanika. Minhas filhas vieram do jeito que tinham que vir. Uma com uma cabeça tão grande que não passou pelo buraco da bacia (eu tentei e ela acabou nascendo com um galo na testa) e a outra tava sentadinha com duas voltas do cordão no pescoço.

 

Lanika pra Suzana 2: Su, meu primeiro parto foi normal mas foi tão desumanizado que me anestesiaram sem eu saber, fizeram episiotomia sem eu saber, não me mostraram a cara do meu filho (eu levantei do leito na marra enquanto estava sendo costurada pra poder pelo menos ver a cara dele por 2 segundos enquanto ele era levado pro berçário). Levei anos achando isso normal. Só entendi o quanto tiraram de mim quando a Carmen nasceu. Eu te entendo.

Mas a vida tem seus jeitos e cada cicatriz na alma da gente é de guerra, sabe? É pra gente ficar mais forte pra próxima.

 

Suzana Elvas: Enfim… Mas é aquela coisa, né? Uma experiência que não tem substituto. Não tem igual. E aí vem a onda do parto humanizado, do parto na água, do parto sem anestesia e você toma aquele caldo bonito, e acaba de fundilhos pra cima no meio da praia, todo mundo olhando você estabacada ali e dizendo “Tsc tsc tsc… Cesariana? Pois eu pari lindamente, senti cada centímetro do meu corpo brilhando numa dimensão além da compreensão humana, numa realização materna além do astral.” E você volta o olhar pra sua cicatriz, pras lembranças do seu sentimento de quero dormir, quem é essa criança que me empurram, por que eu não sinto nada por ela e cadê o momento sublime de que tanto falam. Pois foi isso que eu senti, lutando pra respirar porque a peridural subiu até o peito. Queria ir embora, queria parar de vomitar (fiz isso na sala de parto), queria respirar.

 

É uma coisa que eu trabalho há 15 anos, desde que minha filha mais velha nasceu. Quando engravidei pela segunda vez, pensei que tinha ganho uma segunda chance. Aí minha segunda menina cresceu e o meu útero começou a se rasgar. Eu eu tive que fazer cesariana. Esperei até entrar em trabalho de parto, mas nem assim.

 

Eu me sinto muito diminuída. Porque essa é uma experiência que eu, aos 47 anos, dificilmente vou passar nesta vida.

 

Flavia Mello (à beira de um parto no RJ): Aí gente. Morro de medo de parto normal 🙁 to rezando para não entrar em trabalho de parto, meu quadril já não esta agüentando..

🙁

#vergonha

Flavia

[enquanto a gente editava texto, cuidava de detalhes e talz, o Eduardo veio ao mundo]

Doduti: Que lindeza!

O Lucas também veio ao mundo através de uma cesárea e durante muito tempo (até hoje ainda me pego fazendo isso) eu logo que contava que havia sofrido uma cesárea já emendava os motivos, me justificando de que não foi uma cesárea eletiva, com data marcada. Nunca me senti menos mãe por isso, mas sempre senti que faltou um Q no meio de tudo isso.

Errei em não ter feito um plano de parto mais cedo, em não ter discutido cada detalhe do que eu queria com minha médica. A consulta em que eu ia fazer tudo isso estava marcada pro dia que ele resolveu que ia nascer, ainda na 34ª semana de gravidez.

Minha bolsa começou a vazar, mas não estourou de vez. Não entrei em trabalho de parto, não senti contrações, dor, nada… Mas eu estava super fragilizada, desesperada pelo parto ter adiantado e sem meu marido por perto (que só ia chegar do Japão em uma semana). Ele estava sentando e em nenhum momento eu questionei quando às *:00 da manhã marcaram minha cesárea de “emergência” para as 13:00.

Hoje quando paro para pensar, sei que podia ter insistido um pouco mais, mas lembro do meu desespero e sei que não estava preparada pra nada diferente. Brinco que se a médica dissesse que precisaria abrir meu crânio pra tirar o bebê por lá, eu aceitaria. Se tudo acontecesse hoje, eu provavelmente não teria coragem de encarar uma cesárea com um bebê pélvico e morrendo de medo por ser prematuro, mesmo tendo todo conhecimento que adquiri, imagino que não teria coragem de falar mais alto… mas brigaria pra não ser amarrada, pra poder amamentá-lo logo de cara, pra ninguém ficar esmagando minha barriga como se quisesse usar o fim da pasta de dente…

 

Choro cada vez que vejo um vídeo como esse. choro pela lindeza, pela emoção. Mas choro ainda pelo parto que eu poderia ter tido. Sei que estou errada, mas ainda estamos trabalhando =)

 

dodutielucas

 

Renata pra Flavia: Mas Flávia, trabalho de parto dura umas 10 horas no barato, muito raro casos que a mãe oops, entra em trabalho de parto e a PM, os bombeiros ou o taxista tem que fazer o parto. Você não vai ter seu bebê em qualquer lugar, relaxa. é até melhor você entrar em trabalho de parto porque isso mostra que o bebê está maduro para sair e o início do trabalho de parto não dói nada mesmo… só vai doer lá pros 5, 6 centímetros e isso pode demorar uma VIDA. (o meu tp da primeira contração até a liz nascer foram 26 horas)

 

Lu Freitas pra Flavia: olha, Flavia, a Renata já disse tudo, e vou te contar uma coisa, aprendida em 4 anos de redação de revista de grávida: primeiro trabalho de parto é NORMAL durar 36 horas.

entendeu? 36!!!

O que acontece, aqui do ponto de vista de observadora, é que a gente tem várias lutas pra vencer nesta hora:

1. contra o sistema que prefere a porra da cesárea, porque é mais rápida (é mais fácil pro médico também, mas não é o melhor procê, em geral)

2. contra si mesma/própria, porque passamos a vida inteira ouvindo que parto dói, que alarga, que blablabla whiskas sachê… E não confiamos, de jeito nenhum, naquele “cachorro” que chamamos de corpo…

E daí decorrem muitas outras coisas. Trabalho de parto (e trazer crianças ao mundo) é para fortes. E isso, Flavia, você já é. Porque coragem e consciência para trazer um ser humano ao mundo em que vivemos não é pra qualquer uma, não!

Força aí, fia, que tudo sempre dá certo – parto não é doença, apesar do que os médicos nos tentam impingir a todo custo.

 

Renata Correa: Loura e maquiada segurando o rebento. Lembrei da novela Salve Jorge que a menina fugiu para parir numa caverna na turquia e tava escovada com cachos depois que o bebê saiu! 😀

 

Renata para Flavia: não tenha medo. Salvo raríssimas exceções seu corpo foi feito pra isso. E ninguém precisa recusar a analgesia e parir em casa. Existem partos humanizados muito lindos com anestesia. Aliás pra toda grávida eu recomendo o livro “Parto com Amor”. Aliás, a história por trás desse livro é maravilhosa – só para vocês terem uma ideia de como nosso mercado editorial é careta e nós todos somos uma sociedade moralista o livro se chamava desde de seu projeto “parto com prazer”, mas a editora sugeriu gentilmente que parto com prazer daria xabu e sugeriu parto com amor.

 

Esse livro tem fotografias de partos: hospitalares, domiciliares, a seco, na banheira, fotos liiiiiiindas e descrição de todos os procedimentos, dá uma super tranquilizada, desmitifica, tem evidência científica em poucas linhas pra leigos mesmo. O projeto gráfico é lindo e a informação é de qualidade.

 

Achei no buscapé por R$ 37 dinheiros: http://compare.buscape.com.br/parto-com-amor-luciana-benatti-marcelo-min-8578881052.html#precos

 

Lanika: Flávia, é normal ter medo do parto normal do primeiro filho. Mas, olha… Da minha primeira contração (que foi “ih, uma contração”) até o Gabriel nascer foram 18 horas. Nesse meio tempo eu virei pro lado e dormi (eram 23h), acordei, tomei café, esperei um tempo, aí 8 da manhã informei minha família que tava em TP e fui pro hospital e fiquei de saco cheio de ficar lá o dia inteiro até que a dor começou a ficar forte lá pro meio da tarde quando foi chegando a hora dele nascer.

Não vou mentir. CLARO QUE DÓI nas horas finais. Mas pra mim foi pior com anestesia porque no parto humanizado eu tive como direcionar aquela dor pra expulsão e com a anestesia eu não sabia a hora de empurrar ou relaxar e me senti completamente confusa.

E é muito importante lembrar: dói, mas na hora em que o bebê nasce a carga hormonal que você recebe lava a dor todinha. É o maior alívio do planeta, proporcional à força que tu fez antes. Não é uma dor sem recompensa.

Eu não conheço uma grávida sequer que não tenha medo da dor do parto, que não queira voltar atrás, que não pense “o que eu tô fazendo, onde eu fui me enfiar?” e é absolutamente normal. Quem disser que não tem medo tá escondendo o jogo. Pelo menos uma vez lá com a cabeça de madrugada no travesseiro todo mundo tem medo, seja o primeiro ou décimo filho.

 

Renata: o Ric Jones, um obstetra humanizado de Porto Alegre (saibam mais aqui: http://vilamamifera.com/mulheresempoderadas/perfil-ricardo-jones-um-obstetra-humanizado/) fala que parto é tão assustador pois congrega os dois maiores temores da humanidade: a mortalidade e a sexualidade. Juntou essas duas coisas ficamos apavorados, queremos fazer de tudo para controlar algo que a priori não precisa de controle e funciona muito melhor se não for controlado mesmo.

 

Manu Mitre: O livro que a Renata falou (Parto com Amor) mudou minha vida. Eu sempre achei que parto normal era o óbvio, mas uma amiga viu que eu estava pra cair na armadilha dos médicos-bonzinhos-que-acabam-fazendo-só-cesárea e me deu o livro de presente. Tive certeza de que eu queria um parto não somente normal, mas do meu jeito, com respeito, com autonomia e liberdade. Sem rótulos, sem protocolos, sem procedimentos padrão, mas algo único, assim como eu sou, como meu parto e minha filha seriam. Tudo do jeito que faria sentido pura e exclusivamente para aquela situação.

Estudei muito, muito, mesmo. Não queria cair em uma lavagem cerebral inconsequente, queria fazer escolhas conscientes e com base na razão. Procurei evidências científicas que me ajudaram a tomar e manter decisões difíceis – tipo a de não ser anestesiada. E conversei com muitas mulheres, de longe a maior fonte de motivação, a melhor forma de descobrir como canalizar os medos e espantar os fantasmas que nossa cultura enfiou nas nossas cabeças.

E por causa da importância de toda essa ajuda que recebi, me sinto em dívida eterna com as mulheres que querem um parto normal. Antes aprendíamos tudo com a tia parteira ou com a avó que teve 9 filhos em casa, com as tantas mulheres que passaram pela experiência de ter um filho naturalmente. Quantas podem falar disso hoje em dia? Se eu posso, me sinto nesse dever. Sou disponível, ensino o que sei, indico gente em que confio, mostro alternativas que façam sentido para cada mulher. Respeito as que preferem outro tipo de experiência (ou que realmente precisam de uma intervenção cirúrgica) porque também aprendi que o mellhor parto é aquele que cada mulher não somente quer, mas pode ter.

E aqui meu relato de parto, algo que me faz soluçar de chorar até hoje, 1 ano e 8 meses depois, já com outro bebê na barriga:
http://casamoara.com.br/meu-mundo-minha-dor-meus-limites-um-parto-do-meu-jeito/

 

As indicações reais de cesárea

No post foram citados alguns casos onde a cesárea foi indicada pelo médico.

Bebê que não passa pela bacia – o nome disso é Desproporção Céfalo-Pélvica. É uma complicação rara e só pode ser identificada no trabalho de parto ativo depois que a mãe já alcançou a dilatação total. Não existe diagnóstico de desproporção antes do trabalho de parto, usando o tamanho do bebê como justificativa. A desproporção céfalo-pélvica é uma intercorrência multifatorial e tem muito mais a ver com a posição distócica de encaixe do bebê do que com o tamanho dele em si.

Útero rasgando – a ruptura uterina é uma intercorrência raríssima. O risco de ruptura uterina é 0,2% maior em mulheres que tiveram uma cesárea anterior, mas ainda assim maior fator de risco é a má formação uterina. Só é possível identificar uma ruptura uterina em trabalho de parto, não é possível diagnosticar que o útero está se rompendo antes do trabalho de parto começar pois são as contrações que contribuem para ruptura. Aumenta consideravelmente o risco de ruptura o uso abusivo e inadequado de ocitocina sintética intraparto (o famoso “sorinho”), então a melhor prevenção para ruptura é que o parto aconteça com o menor número de intervenções possíveis.

Não dilatarnão existem mulheres que não dilatam. Toda mulher dilata, algumas levam mais tempo, outras menos. Quando o trabalho de parto ativo para de progredir o médico avalia a mulher e pode intervir com aplicação de anestesia ou rompimento da bolsa, para que o trabalho de parto normal continue.

Ruptura da bolsa sem sinal de trabalho de parto: é recomendado repouso, hiperhidratação e monitoramento cardíaco do bebê e esperar o trabalho de parto começar naturalmente. Geralmente o trabalho de parto começa em até 24h depois da bolsa ter se rompido, mas a literatura médica já relatou casos de sete dias. O líquido amniótico é produzido constantemente pelo corpo, o bebê não fica “seco” dentro do útero.

Bebê Sentado – É o famoso bebê pélvico. pode ser indicação de cesárea ou não. Existem poucos médicos que acompanham partos normais de bebês sentados. Com acompanhamento correto é um parto normal seguro. Porém a cesárea também é uma conduta indicada.

Fonte: Indicações reais de cesárea (com evidências): http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html

Slide Share do Projeto Diretrizes da Febrasgo: http://www.slideshare.net/priscilacaixeta1/febrasgo-cesareana-indicao

Indicações reais e fictícias: http://renatacorrea.com.br/listados9/quando-uma-cesarea-e-uma-cirurgia-realmente-necessaria/

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Manual da mãe imperfeita

(Este Manual é uma homenagem do LuluzinhaCamp a todas as mulheres, mães e imperfeitas.)

Tsurus mostram que a perfeição tem muitos jeitos de exisitr
Esqueça a idealização! Seja você mesma

Se você é mãe, recente ou antiga, já deve ter esbarrado, lido ou se confrontado com algum manual de criação de filhos. Ou algum manual de amamentação, de como trocar a fralda sem desmanchar o penteado, de como se manter sexy para o maridão depois de passar uma noite em claro com o filho queimando em febre. E se mesmo tendo lido todos esses, e outros, ainda não conseguiu ter respostas para suas agonias, esse é o manual perfeito para você!

Capítulo Um – Choque de realidade

Na porta da maternidade não existe um portal encantado pelo qual você passa e se torna a melhor mãe do mundo. Aceite isso. Esse é o primeiro passo. Porque quando o seu filho tiver uns 4 a 5 anos ele provavelmente vai lhe dizer isso. Ou porque ele talvez queira uma dose extra de chocolate, ou apenas porque desconhece as outras mães existentes no mercado, ou já se tocou que não tem como trocar você por outra.

Então você passará a ser a melhor mãe do mundo, porque ele também não quer perder pros amiguinhos nesse quesito. Mas até lá, você será apenas uma mãe. Aceite.

Você irá para casa com aquela bomba de nitroglicerina ativada, ops, com seu bebezinho lindo, fofo e cheiroso no colo e, provavelmente, como todas as outras mães do mundo, não saberá, no começo, muito bem o que fazer com ele. Isso é normal, você não é um ET, nem a única a se sentir assim.

 

Capítulo Dois – Amor de mãe, amor eterno

Amor materno não é algo que acontece automática e sincronizadamente com o toque da tesoura no cordão umbilical ou com a papelada da adoção assinada e carimbada. Você estará cansada, seja do parto físico, seja do parto burocrático, hormônios em polvorosa, com os peitos inchados, e um ser faminto berrando em seus braços, exigindo que você supra todas as necessidades dele deste momento até praticamente o fim da vida, ou até que ele consiga se virar sozinho. Se você tornou-se mãe por adoção, acontece uma coisa parecida: e mesmo que você já ame aquele ser, ele ainda é, de certa maneira, um estranho. Mas por mais que você tenha a inclinação de amar, é difícil que isso aconteça instantaneamente, mesmo que seja seu filho.

Não se exija ter o clique mágico do amor. Espere, como esperou nove meses, como esperou a vida toda para receber seu bebê, pois garantimos (ou devolvemos seu dinheiro): o dia em que ele lhe oferecer um olhar de reconhecimento, um olhar trocado de um jeito só de vocês dois, você saberá que é verdade, as mães fazem tudo por seus filhos, e sentem mesmo aquele sentimento arrebatador que aparece em comerciais de margarina. Tudo tem seu tempo, e o de vocês pode ser diferente de todas as outras relações de mãe e filho.

Por que ninguém contou isso antes? Porque ninguém gosta de admitir ser uma mãe imperfeita. Mesmo que todas mais ou menos sejam.

 

Capítulo Três – O exército da não-salvação

Um exército de pitaqueiros invadirão sua casa, sua vida, sua mente, sua televisão, seu telefone, os grupos de internet que você participa, aparecerão em missão secreta por meio da conversa da vizinha, da avó da tia, da sua mãe, do seu pai, da sua avó, do seu marido. Todos, absolutamente todos os seres humanos do universo, saberão cuidar do seu filho, qualquer que seja a idade dele, melhor do que você, a mãe da pessoa. Eles estarão a postos e prontos para apontar o dedo na primeira dúvida que você esboçar diante de uma reação inesperada ou nova do seu filho e, claro, vão afirmar entender o que ele quer ou espera muito melhor do que qualquer um, principalmente melhor do que você.

Sendo uma Mãe Imperfeita você pode valer-se de uma arma super secreta: FINJA. Isso mesmo, finja que isso nunca foi novidade, que você sabe tudo, que você é a Melhor Mãe do Mundo do ano, e tira isso e qualquer outra coisa de letra. Tentar convencer os pitaqueiros de plantão de que seu método funciona (mesmo que seja apenas falta de jeito, mas estamos fingindo que é método) será gastar energia à toa. Diga apenas que na sua casa, com o seu filho, você faz assim e pronto. Esconda deles o seu medo, pânico, pavor de dar tudo errado atrás do fingimento e não dê bola para milhares de receitas infalíveis que vão querer fazer você engolir. E siga em frente, seu filho agradece.

 

Capítulo Quatro – Eu nunca mais vou dormir?

Desde o dia que o filho estrear na sua vida, um fato é certo: você nunca mais vai dormir. NUNCA MAIS. Sabe aquela soneca delícia no meio da tarde? Sabe aquelas horas puxadas de sono durante a noite? Acabaram. No começo será o choro do bebê, que chorará de fome, de susto, de xixi e cocô, de tudo que pode atrapalhar um sono de bebê.

Depois que ele ajustar o sono, e vocês dois puderem dormir mais ou menos seis horas por noite, vai aparecer um tipo de sono que você nunca teve antes, o sono-alerta. Aquele em que você vai perceber qualquer movimento brusco, qualquer bater de cabeça no berço, o cair da cama e até o suspiro assustado.

Depois vem o sono interrompido pelas obrigações escolares, com horários e regras. Depois vem o sono atrasado dos adolescentes. Depois vem o sono preocupado até que a criatura chegue sã e salva em casa, e de que seja e esteja feliz. Esse sono preocupado vai durar mais ou menos TODOS OS DIAS DE SUA VIDA.

Portanto, não se sinta culpada/constrangida/sem jeito de dormir quando o bebê dorme, mesmo que aquela visita não se toque de que tem de ir embora. Não se intimide de deixar seu lindo e fofo bebezico com uma tia, sua irmã, sua mãe e dizer “vou dormir, cuida pra mim?”, porque pode ser que os seus relógios biológicos não funcionem de forma sincronizada. E esteja preparada para um fato inédito: MÃES PRECISAM DORMIR TAMBÉM. Não porque são mães, mas porque são seres humanos. Essa característica humana você ainda não perdeu. E lembre que o seu sono será alerta para o resto da vida. Então, quando puder, durma. Se estiver com sono agora, deixe os outros capítulos de lado e vá dormir. Boa noite.

 

Capítulo Cinco – Medo e culpa

1.    Tenha em mente as frases números dois e três como um regra soberana de sua vida:

2.    Não se cria filho com medo.

3.    Não se cria filho com culpa.

4.    Repita o item “um” sempre que tiver alguma dúvida se o que você faz por amor está certo ou não.

 

Capítulo Seis – Meu filho me odeia

O seu filho odeia você? Parabéns. Você tem um filho saudável, do ponto de vista psíquico. Filhos odeiam as mães porque são elas que dizem “não” quando tudo o que eles querem é ouvir “sim”. São as que dizem “vamos embora” quando a brincadeira está boa. São as que mandam vestir a blusa quando eles não querem nem saber se vai fazer frio ou não. São as que exigem respeito quando tudo o que eles fazem é bater com a porta na cara da vida.

Mães são odiadas, sim. Só que esse “ódio” é apenas uma maneira de exercitar a provocação para pensar, a afirmação da personalidade, a preparação para o choque de realidade da vida. Você, Mãe Imperfeita, é a linha de frente no combate, é a porta-voz dos limites. E quem é que gosta de ter limites?

A boa notícia é que esse ódio não cria raízes. Cria seres humanos melhores.

 

Capítulo Sete – Não negocie com terroristas

Uma hora ou outra na vida aquele bebê com olhos redondinhos, tão fofo, meigo e que você ama tanto, será possuído por um ser altamente tirano e desafiador, usando de suas armas mais letais como chantagem emocional, birra em local público, chilique fora de hora, ou outra que lhe for mais conveniente, para tirar de você aquilo que ele mais quer.

Prepare-se para quando esse momento chegar assistindo a filmes educativos como Tropa de Elite, Duro de Matar, ou qualquer um com o Samuel L. Jackson, e aprenda com os melhores a se manter firme, impávida e inabalável como o sorriso do John McLane.

E lembre sempre: não se negocia com terroristas.

 

Capítulo Oito – Curso para mães

Só existe uma faculdade disponível para te ensinar a ser mãe. O nome dela é Filho. Ouça-o. Na dúvida, pergunte para ele como se sente, o que acha, será que é bom isso ou aquilo. Você vai se surpreender com as respostas que receber. E nem perca seu tempo tentando encontrá-las em livros de psicologia, com os grandes especialistas em educação infantil ou mesmo com os pitaqueiros de plantão. A resposta que o seu filho der para a sua pergunta provavelmente será o caminho que vai funcionar melhor para vocês dois.

 

Capítulo Nove – Filho é a melhor coisa que vai acontecer na sua vida!

Mentira. Ter filho não é bom, não. Bom mesmo é ter o tempo todo da sua vida para você, poder botar a bolsa no ombro e ir para onde quiser, não titubear em pedir demissão do emprego ao chegar ao seu limite, sonhar com a viagem para Paris sem sequer questionar se criança pode ou não entrar na Torre Eiffel, e mudar de ideia no meio do caminho sem pensar se daqui a dois quilômetros vai ter banheiro na estrada, e poder dormir até a hora que der vontade no domingo.

Bom mesmo é ter a vida que você quiser, sem mudar nadinha, nadinha por causa de outra pessoa.

Daí que, segundo este Manual, você não será um monstro se um dia pensou em como seria a sua vida se seu filho não existisse. Se você não fosse mãe.

Sabemos que, como Mãe Imperfeita, no entanto, você sequer lembra como era sua vida antes de ter seu filho. Então, por este manual, você está perdoada de imaginar.

Perdoe-se também. E vai lá ver o que ele está fazendo porque já se passou muito tempo em silêncio e nós sabemos que isso não pode ser boa coisa.

 

Capítulo Dez – Rasgue esse Manual em mil pedacinhos

Se você é uma Mãe Imperfeita já deve ter aprendido que filho não se cria por manual, opinião alheia, palpite, não se cria nem com medo nem com culpa. Filho se educa, e por amor. Filho se cria pelo coração, e pelo caminho do afeto e da humanidade que você tem dentro do peito.

Não queira ser uma Mãe Exemplar, dessas de comercial de margarina ou de sabão em pó porque elas são uma invenção que querem que você compre todos os dias, uma categoria inatingível onde querem que você se encaixe a todo o custo.

Seja a Mãe que seu filho precisa, nem mais, nem menos, na medida exata de que assim como um filho é feito para uma mãe, apenas essa mãe é feita para o filho. Nenhuma criança precisa de uma Super Mulher com super poderes e conhecimento para todas as situações.

Uma criança, o seu filho, precisa de amor, com colo, humanidade, compreensão e paciência. E para amar assim você não precisa de nenhum manual. Talvez nem deste.

 

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Agradecimentos especiais a todas as queridas que participaram da discussão surgida no Grupo LuluzinhaCamp: Renata Correa, autora do tumblr Que Raio de Mãe é Essa?,

Cris Moreira (revisora e querida), Adriana “Di” Matielo, Alessandra Luvisotto, Ana Carolina Arruda, Ariadne de Melo, Barbara Maués, Carla do Brasil, Drica, Evelin Ribeiro, Francine, Jess, Juliana Junqueira, Kryscia, Lanika, Lili Bolero, Lucia Freitas, Maíra Termero, Mariana, Nadine Marques, Renata, Simone Miletic, Suzana Elvas, Vevê Mambrini e todas aquelas que estiveram conosco mesmo sem se manifestar.