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Mulherada em movimento – 2015

Ok, a gente nunca foi exatamente o gênero mais quietinho do planeta. 🙂

Quero compartilhar com vocês a minha alegria com muitas mulheres poderosas que se reúnem para tentar um pouco mais de igualdade, um pouco mais de qualidade de vida, um pouco mais de expressão.

  1. A lista de mulheres para palestraraberta a indicações. A iniciativa, criada por Mariana Oliveira (@marianarrpp), Nathália Capistrano (@nathcaps) e Ana Paula Passarelli (@apassarelli) é muito legal: uma lista aberta de mulheres bacanas e competentes que topam convites para palestras. Porque, né?, a gente continua a ver milhares de eventos sem uma única mulher no painel, ou onde somos “elemento decorativo”, mesmo sendo 57% do mercado de trabalho…
  2. A iniciativa Mulheres do Brasil. Conheci através da Luiza Trajano (@luizatrajano, sim, a mulher do Magazine Luiza), no Fórum E-commerce Brasil. Centenas de empreendedoras produzindo diferenças concretas, de forma muito estruturada. Acompanhem, conheçam e, se puderem, participem.
  3. Vai rolar agora em maio, o Global Women Summit 2015, aqui em SP. Conhecido como “Davos for Women”, o Global Summit of Women (GWS) celebrará seu 25º aniversário no Brasil. O Summit será comando por Irene Natividad, também presidente do CWDI, Corporate Women Directors International, que tem como objetivo promover o aumento da participação das mulheres nos conselhos corporativos globalmente.
    No encontro, será divulgada uma pesquisa inédita com foco na América Latina, sobre a presença feminina nas grandes corporações da região.

    O Summit no Brasil irá destacar as inovações das mulheres no mercado global, como Robin Chase, que fundou a ZipCar, maior empresa de compartilhamento de carros do mundo, e Luiza Trajano, da rede Magazine Luiza (fundadora do grupo Mulheres do Brasil), e  ainda de mulheres jovens, que apesar dos nomes não serem tão conhecidos, estão criando empresas que estão renovando a tecnologia do século 21.
    O evento está chamando 200 universitários brasileiros para participar do Youth Forum. As informações estão todas no link lá no começo.

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Desigualdade de gênero na pesquisa científica

#inequality
A nossa querida Lucia Malla, Xará mais que amada, participou de um programa de ciência num canal havaiano.

http://www.ustream.tv/recorded/53661582

Ela explica: “A razão do convite para a entrevista foi porque recentemente nosso laboratório recebeu verba federal para estudar desigualdade de gênero na pesquisa científica biomédica, em nosso ultra-super-hiper restrito tópico de estudo (selênio). Mas há todo um bias antigo na pesquisa biomédica que leva ao uso apenas de modelos animais masculinos, com a fraca justificativa de que eles seriam “mais simples”, sem o ciclo hormonal feminino para complicar os resultados. Com isso, o resultado final lá na frente é que muitos dos remédios testados e que hoje são comercializados não foram apropriadamente testados em fêmeas e/ou mulheres, e alguns deles já causaram problemas graves de diferença de ação de acordo com o gênero do/a paciente.

Atualmente, esta é uma das maiores preocupações das entidades de suporte à pesquisa científica nos EUA e na Europa, diminuir esse abismo de conhecimento entre a fisiologia masculina e a fisiologia feminina, em absolutamente todos os aspectos da medicina e da medicina veterinária.

Por fim, nossa pesquisa talvez seja extremamente específica em um tópico ultra-super-hiper-restrito, e talvez isso canse um pouco para assistir ao vídeo. Mas, como visto 100% a camisa do “aja ao invés de apenas reclamar” e acredito muito no efeito formiguinha, acho que esse é um bom primeiro passo. É o que posso fazer dentro do meu expertise.”

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Mídia Social, Gênero e Cultura Livre.

Johanna Blakley é vice-diretora do Norman Lear Center, um instituto de pesquisa que explora a convergência entre comércio, entretenimento e sociedade. Atualmente, Blakley tem como foco de suas pesquisas o impacto da mídia e do entretenimento em nosso mundo. Há duas palestras dela no TED (legendadas em PT-BR) que falam de coisas bem bacanas para quem está interligado nas novas possibilidades da rede.

A mídia social e o fim do gênero

Quando falamos de mídia de massa e entretenimento, é possível ver divisões no mercado baseadas em idéias estereotipadas e limitadas. Um exemplo, homens gostam de filmes de ação, mulheres gostam de romance. Padrões bobos e algumas vezes degradantes que são reforçados todos os dias. A mídia e a publicidade mostram um espelho distorcido de nossas vidas. Não há pluralidade, pois métodos rígidos de segmentação ainda são utilizados para mensurar consumidores e restringí-los em rótulos. O que vemos atualmente, é que aplicações de mídias sociais podem nos libertar destes conceitos limitados. Saber o que entretem as pessoas, como se divertem ou que fazem em seu tempo livre é importante para compreender o mundo atualmente.

Nas redes sociais as pessoas não se conectam de acordo com seus perfis demográficos, mas por meio de seus gostos e interesses. Para a maioria das pessoas interessa saber mais qual seu seriado favorito, do que quantos anos você tem. Analisar a quantidade de cliques em um site não traz informações como idade, gênero ou renda. Porém, analisar interações online produz informação sobre o que você faz online, do que gosta, o que lhe interessa. Na internet, pessoas se juntam ao redor de assuntos que elas gostam, seja uma banda, um seriado ou um time de futebol. E o que vemos é que valores e interesses são agregadores muito mais poderosos  entre seres humanos do que categorias demográficas. As mulheres são maioria nas redes sociais. Além de superarem os homens, gastam muito mais tempo nesses sites. O resultado disso será que as empresas de mídia contratarão cada vez mais mulheres, pois perceberão que isso é importante para seu negócio. E essas mulheres serão responsáveis por acabar com categorias clichês, especialmente clichês femininos, pois elas sabem o quanto isso é limitador.

Lições de uma cultura livre da moda

Na indústria da moda há pouca proteção de propriedade intelectual.  Há proteção de marca registrada, mas não há proteção de direito autoral e nem proteção de patente. Pode-se copiar qualquer roupa e vender como seu próprio desenho. A única coisa que não podem copiar é a etiqueta da marca, por isso vemos tantas logos espalhadas ou chamativas pelos produtos. A razão para não haver direito autoral na moda, nos Estados Unidos, é que a justiça decidiu que vestuário é muito utilitário para se qualificar na proteção de direito autoral. Não queriam que poucos designers fossem donos de partes fundamentais de nossas roupas, senão todos teriam que licenciar aquele punho ou aquela manga, porque ela pertence a uma pessoa.

A lógica do direito autoral presume que sem o advento da propriedade, não há incentivos para inovar. Porém, justamente por não haver direitos autorais na indústria da moda, os designers elevaram o desenho utilitário, criaram novas formas sobre o padrão. E transformaram roupas em arte, gerando sucesso de crítica e lucro. Há um processo criativo amplo e aberto. Escultores, fotógrafos, cineastas ou músicos ficam limitados a determinadas escolhas, enquanto designers de moda podem ter acesso a todas as peças já criadas, podem pegar qualquer elemento de qualquer vestuário e incorporá-lo ao seu trabalho. A consequência de uma cultura onde se copia livremente é o estabelecimento de tendências. Além do que, a inspiração vem das ruas, do que as pessoas usam, como mostram os diversos blogs de fashion street. Isso faz com que a indústria seja alimentada de cima para baixo e de baixo para cima.

Power and Equality. Foto de Cheryl Coward no Flickr, em Creative Commons.

Mulheres e o novo momento

Esses foram os principais apontamentos que fiz vendo as duas palestras. Acredito que o advento da tecnologia digital veio revolucionar a maneira como definimos direito autoral. Enquanto as redes sociais são fundamentais na divulgação de informações e na interação entre pessoas. Concordando ou não com as idéias de Johanna Blakley, suas falas me fizeram pensar bastante. Interessante notar que as mulheres são as principais consumidoras das redes sociais e da moda. Acredito que dificilmente estamos vivendo um Matriarcado.com, mas é importante perceber como estamos na crista da onda, como o poder provem da igualdade. Como mulheres estão absorvendo as novas formas de comunicação e consumindo produtos gerados numa cultura livre e criativa. Acredito que o diferencial no momento, que contribui para o crescimento das mulheres nesses campos, é que cada dia mais vivemos num mundo de idéias e não mais num mundo de objetos fixos e rígidos.