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O ano começou, quais seus planos?

Chegou a hora de arregaçar as mangas e aceitar que o ano definitivamente começou. Tchau, Carnaval! Olá, mês de março batendo aí na porta. Hora de fazer planos para 2012. E nossa, como isso pode ser difícil.

Arrumar um novo emprego? Comprar um apartamento? Voltar a estudar? Terminar o trabalho de conclusão de curso? Estudar fotografia? Trocar de carro? Viajar para Europa? Começar uma rotina de exercícios? Aprender a costurar? Ter um filho? Adotar a bicicleta como meio de transporte? Levar uma vida mais ecológica? Fazer trabalho voluntário? Fazer terapia? Casar? Começar um blog?

É muito comum fazer planos e nem sempre cumprí-los. Para isso defina um como principal. E a partir dele pequenas metas.

Girassol. Foto de Matteo Angelino no Flickr em CC, alguns direitos reservados.

Sinto o peso dos 30 anos chegar num corpo que atualmente está sedentário e acima do peso. Meu plano não é fazer um dieta ou entrar na academia. É compreender meu corpo, conhecê-lo e respeitá-lo. Entrar em sintonia com o corpo e a alma. Porque ando num ritmo muito frenético, sem hora para dormir, sem rituais de aconchego corporal. Isso talvez inclua uma academia, ou caminhadas frequentas no calçadão, intercaladas com momentos de meditação. Ir aos médicos para ver se está tudo bem. O plano não é emagrecer. O objetivo até o final do ano é sentir que meu corpo está fisicamente bem, energizado e sem desconfortos.

Há alguns planos que surgem. O marido propôs uma viagem para Europa em setembro. Durante o planejamento, decidi aproveitar a limpeza de fim de ano nos armários e me desafiar. Até setembro não posso comprar nada que não seja de uso imediato. Não vou comprar roupas, sapatos, acessórios, livros, jogos e nem dvd’s. É hora de usar e abusar de tudo que tenho. A ideia é economizar dinheiro para a viagem e também voltar com uma mala a mais sem peso na consciência. Roupas, sapatos e acessórios deverão ser usados ao máximo. Os jogos de videogame serão devidamente zerados. A pilha de livros não lidos já está ao lado da cama e deverei fazer resenha de todos no meu blog.

Por mais que fazer planos seja uma atitude bacana para definirmos metas para a vida, lembre-se que cada ano deve começar leve. Sem grandes cobranças, mas com a alma desejando as mudanças e o corpo colocando-as em prática. Quando o cansaço ou a vontade de desistir bater, siga em direção ao sol. Não tem erro.

E você, há planos para 2012?

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Luluzinhas indicam: Filha, mãe, avó e puta

Puta finalDiretamente do site da Editora Objetiva, só pra avisar: tem lançamento do livro esta semana em São Paulo e no Rio:

Sampa: 27 de abril, às 19 horas na Livraria da Vila – Al. Lorena, 1731, Jardins.

Rio: 29 de abril, às 19 horas, na Livraria da Travessa – R. Visconde de Pirajá, 572.

Quando decidiu virar prostituta, no início dos anos 70, Gabriela Leite estudava Filosofia na USP, curso para o qual havia passado em segundo lugar. Ex-aluna dos melhores colégios paulistanos, leitora de Machado de Assis, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, tinha um emprego de secretária e morava com a mãe. Foi observando a rotina das mulheres que trabalhavam nas boates próximas aos barzinhos que freqüentava nos arredores da faculdade – nos quais chegou a dividir mesas com o dramaturgo Plínio Marcos, o compositor Chico Buarque e o diretor teatral Zé Celso Martinez Corrêa –, que Gabriela sentiu-se atraída por aquele universo. Movida pela “curiosidade e pelo desejo de uma revolução pessoal”, optou pela vida de prostituta do baixo meretrício, que assumiu sem qualquer constrangimento.

Neste livro, Gabriela conta em detalhes sua surpreendente trajetória, que culminou com a criação da famosa marca de roupas Daspu e da ONG DaVida, símbolos hoje reconhecidos internacionalmente pelo trabalho irreverente e ousado na luta contra o preconceito e a discriminação da classe. Com franqueza e coragem, a autora fala de todos os tabus que povoam e aguçam a curiosidade do imaginário coletivo em torno da rotina das prostitutas. As fantasias sexuais dos clientes, o contato forçado com o sadomasoquismo, a relação com homens casados e cafetões, o uso de drogas como atenuante da rotina, a repulsa a clientes, orgasmo, tudo isso é abordado pela autora com absoluta naturalidade.

Filha de um crupiê e de uma dona de casa de classe média, aluna dos melhores colégios públicos paulistanos, Gabriela conta que encontrou uma vida bem diferente daquela que imaginava quando decidiu ser prostituta. Desde quando começou a receber os primeiros clientes em 1973, num quartinho apertado na Boca do Lixo de São Paulo, até sua chegada à Vila Mimosa, famosa zona de prostituição carioca onde morou por mais de dez anos, a autora passou por momentos de perda e solidão e teve que encarar seus próprios preconceitos.

“O maior preconceito é porque trabalhamos com sexo. Sexo é o grande problema, é o grande interdito das pessoas. E nós trabalhamos, fundamentalmente, com fantasia sexual, esse é o verdadeiro motivo da existência da prostituição. É um campo imenso. É uma babaquice dizer que só puta vende o corpo! E vender sua cabeça, quanto custa? O operário vender seu braço, quanto custa? Todo mundo vende sua força de trabalho, que está com seu corpo. Existe uma tendência de alguns estudiosos de se declararem a favor das prostitutas e contra a prostituição. Um contra-senso geral e total”, diz Gabriela.

Gabriela defende com sua ONG o reconhecimento da prostituição como profissão. É casada com o jornalista Flavio Lenz, irmão da poeta Ana Cristina César.