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Arteterapia | A arte como terapia

Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. O tema de hoje é Arteterapia. Divirtam-se!

 

lápis de cor coloridos - Imagem: YannGarPhoto - Flickr
I love colors / Imagem: YannGarPhoto – Flickr

Meu nome é Ana Carolina* e falar sobre Arteterapia justamente na semana de Arte e Cultura é um privilégio, uma alegria e um avanço. Já li e ouvi muitos artistas dizerem que “fazer” Arte, seja lá de que forma, é uma terapia. Tá na boca do povo, mesmo sem entenderem de forma clara ou técnica de que maneira essa dinâmica funciona.

Acontece que expressão artística é imemorial. Faz parte da história, dos rituais, da beleza, da sobrevivência. E de século em século, ano após ano vimos brotar inúmeros e talentosos artistas capazes de encantar, de chocar, de modificar pessoas através de seus ideais e manifestos artísticos… E eis que a prática de transformar pessoas e seus rumos pessoais foi sistematizada e formatou-se como Arteterapia, Terapia Artística, Arte Integrativa e tantos outros nomes que também caberiam aqui.

Por que Arteterapia?

Jung, o famoso médico que nos trouxe conceitos como Arquétipos, Inconsciente Coletivo e Psicologia Analítica, diz que o potencial criativo do ser-humano é inato. E foi basicamente este conceito que me trouxe à Arteterapia. Inúmeros são os motivos, mas descrevo alguns aqui:

  • A possibilidade do processo terapêutico que normalmente é penoso, longo e árduo em gerar como sub-produto manifestações artísticas que promovem naturalmente este potencial criativo que habita os seres-humanos;
  • A capacidade dos diálogos e expressões não-verbais que facilitam e florescem o caminho dx interagente (paciente ou cliente também servem) e norteiam a atuação dx terapeutx;
  • O contemplar da beleza de qualquer produção artística, sem necessitar de apreciação estética, justamente porque ali jaz a revelação de uma profundidade tão bela quanto poética;
  • A possibilidade em no meio do caminho fazer-se descobrir um artistx que passa a te habitar, cujo caminho é sem volta.

A Arteterapia e eu

Aconteceu comigo. Após o término de minha formação profissional me apropriei da poeta que não sabia ou não permitia que vivesse em mim. Deixei de lado a frustração de minha sensação de incapacidade com os materiais plásticos, para entrar em contato com uma expressão artística mais conceitual, corporal e poética.

Tem um lado meu que também se encanta com o trabalho Arteterapêutico porque ele não é excludente, é inclusivo, transdisciplinar. Podemos utilizar Arte em qualquer vertente terapêutica, seja ela Psicanalítica, Corporal, Xamânica… Você pode já ser terapeuta, artista ou educador e complementar sua atuação através de ferramentas terapêuticas artísticas.

Arteterapia é trazer para uma relação terapêutica qualquer manifestação artística que seja capaz de transformar, que se torne ponte de uma relação entre interagente e terapeuta, cuja riqueza para ambos é inestimável.

O profissional de Arteterapia

O mérito do cuidador é se apropriar de algumas técnicas e saber como aplicá-las de modo que aquele material ou prática tornem-se interlocutores de sua relação terapêutica e do que moverá aquele interagente para a transformação. Mais do que se apropriar de técnicas é saber moderá-las, é saber não ser técnico quando não se precisa.

Já dizia brilhantemente Manuel Bandeira em POÉTICA: […]”sou técnico, mas só tenho técnica dentro da técnica, fora isso, sou completamente louco” .

Para mim, o profissional em Arteterapia deve antes de tudo querer brincar, se transformar no que o cliente deseja que você seja naquele momento, se isso lhe ajudar a resolver suas questões, dentro dos limites estabelecidos entre ambos.

Ele deve entender de mitos, atentar aos relatos de sonhos, pesquisar sobre os interesses daquele interagente, seja um filme, autor, banda, esporte ou desenho animado. Quanto mais sua linguagem se aproximar da linguagem daquele que está ali na sua frente, confiando a ti seus anseios e dificuldades, maiores serão as chances de adentrar ao seu mundo subjetivo.

Tintas, linhas e agulhas, lápis coloridos, papéis diversos, argila, terra, velas, pedras, fotografias, livros, histórias, contos, mitos, instrumentos musicais, músicas, danças, encenações teatrais e vídeos são alguns exemplos dos infindos instrumentos de trabalho de um Arterapeuta.

Um pouco mais sobre Arteterapia

Se você deseja saber mais sobre o universo vasto da Arteterapia, ao final do post coloco alguns links de sites que contém artigos, indicações de profissionais e cursos para quem deseja se tornar Arteterapeuta ou apenas beber um pouco da fonte…

Arteterapia é técnica, é estudo, é compromisso, responsabilidade, é magia, alquimia, encanto, excitação. É fincar os pés na realidade sem deixar que suas asas toquem o céu.

E para finalizar, deixo aqui sábias palavras do mesmo poema citado anteriormente e por fim um dos meus poemas, pois não poderia deixar de me exibir em meu mais novo ofício!

*Trecho de POÉTICA de Manuel Bandeira

“Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos Clowns de Shakespeare
Não quero mais saber deste lirismo que NÃO é
LIBERTAÇÃO”

POETA
(Ana Carolina Arruda)

Ser poeta é tocar corações jamais vistos
É acariciar almas sedentas de acalentos
É entregar palavras eternamente aos quatro ventos e sorrir
Sim, sorrir porque frases voam andarilhas nos tempos
E fingindo-se perdidas vão certeiras emprestando-se aos sujeitos

Vai-te poesia!
E liberte-se nos ventos sorridentes deste dia
Verei que chegarás como beija-flor em néctares sutis que te receberão como mais que visita bem-vinda…
esperada

Vai-te poesia e jamais retorne a mim porque não mais te tenho
Nunca te tive
Apenas te recebi em meu corpo, te esculpi em meus dedos e te soprei em meus lábios
És agora semente fecunda nas almas

Links Importantes

  • www.ubaat.org – Site da União Brasileira das Associações de Arteterapia. Além de informações sobre Arteterapia conta com uma grande lista dos sites de entidades filiadas à UBAAT no Brasil inteiro, facilitando o acesso à informações na região mais próxima de você.
  • www.centrodearteterapia.blogspot.com.br  – Centro Integrare coordenado com muita responsabilidade e foco por Danielle Bittencourt no Rio de Janeiro. Foi o Centro onde realizei minha formação. O blog contém diversos artigos interessantes além da divulgação de cursos
  • www.alquimyart.com.br – Centro presidido pela Arteterapeuta Cristina Allessandrini, profissional muito reconhecida da área. O site contem artigos, publicações, informações sobre cursos, especialização e pós-graduação em cidades como São Paulo, Goiânia, Aracaju e Natal.
  • www.ceuaum.org.br/cursos/pos-graduacao.htm – Centro de estudos Universais filiado à Universidade Anhembi Morumbi em SP, que oferece pós-graduação em Arte Integrativa, cuja qualidade docente é excelente.
  • www.incorporarte.psc.br  – Centro Incorporarte no Rio de Janeiro que oferece também cursos em Curitiba e Florianópolis. No site encontram-se publicações e artigos bastante ricos e dinâmicos sobre diversos campos de atuação Arteterapêutica.
  • www.sab.org.br/med-terap/terap-art – Se você se identifica e se interessa pela Antroposofia de Rudolf Steiner, a terapia artística será uma ótima opção.

*Photo Credit: YannGarPhoto via Compfight cc


*Ana Carolina de Arruda é Naturóloga, Arteterapeuta, Terapeuta Corporal e Poeta ainda nas horas vagas. Decidiu não ser publicitária acreditando que sua profissão poderia ser uma extensão de seus valores e hábitos pessoais. Atualmente reside no Rio de Janeiro onde realiza trabalhos individuais e em grupo com crianças e adultos. Acesse o blog www.natunorio.blogspot.com

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Fotografia | 5 Dicas básicas para iniciantes

Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. Hoje, como não poderia deixar de ser, o assunto é fotografia. Divirtam-se!

 

Pés de bebê / Vera Papini Fotografia - flickr
Pés de bebê / Vera Papini Fotografia – flickr

Oi gente, tudo bom? Meu nome é Vera*, sou fotógrafa, cat-lady, um pouco de dançarina e apaixonada pela vida.

Comecei a fotografar quando eu tinha uns 3 anos. E é sério isso. Meus pais ficavam malucos com a quantidade de filme que eu gastava. Ganhei minha primeira câmera, uma besta, daquelas compactas de viagem, quando eu tinha 9 anos. Desde então a coisa nunca mais foi a mesma!

Com a vida, além dos estudos, eu aprendi alguns macetes extremamente básicos, mas que ajudam muito a quem não sabe nadica de nada.

Eles são:

1 – Enquadramento. Claro que o clássico, a pessoa no meio, do tronco pra cima sempre funciona, mas tente fazer isso: Faça um enquadramento com a pessoa de canto, mais céu. Fica com uma cara de wallpaper, mas fica bonito, deixa de ser clichê. Outra coisa é: em fotos de grupo sempre tire foto com um pouco mais de teto que o costume. Parece estranho, mas deixa mais interessante.

2 – Anote. Eu tenho mania de meter o dedo na câmera para tirar MUITAS fotos seguidas. E sempre no caminho pra casa vou anotando o numero das fotos que eu acho que ficaram melhores e deletando as tortas e tremidas. Em casa fica muito mais fácil achar e fazer uma edição rápida.

3 – Cuidado com o flash. Conseguir VER a foto é sempre bom, mas ter flash demais (ainda mais flash direto) sempre deixa com um jeito amador demais. Não deixe o flash no automático. Deixe sem. Tire uma foto sem flash pra ver se fica bom, se tem luz, se tem contraste bonitinho. Deu certo, manda bala sem flash. Mas cuidado, sem flash as fotos tendem a sair mais tremidas. Tenha mão firme nessa hora. Na contra luz use flash sim. Acaba ficando bonito porque você ilumina o objeto e a luz do fundo preenche a cena. Outro jeito bacana de usar o flash é rebater ele numa parede ou teto. Assim o seu objeto fotografado não fica com uma luz muito dura ou com sombras e o ambiente se preenche de luz!

4 – Cuidado com a sua altura.Você já viu fotos de pessoas atarracadas mas que você sabe que são normais ou até altas? Isso acontece por causa da altura do fotógrafo. Um fotografo muito alto deixa as pessoas mais baixas atarracadinhas, e um mais baixo deixa todo mundo meio altão. Tente regularizar sua linha de horizonte com a da pessoa fotografada. Claro que outros ângulos devem ser explorados, estou falando de retrato e fotos sociais.

5 – Experimente, passeie e procure. Saia com a câmera na mão, procure coisas interessantes, ângulos novos, pessoas exóticas, casais, animais, qualquer coisa que te inspire. Fotografe eventos de rua (mas vá acompanhado e cuidado com sua câmera!), sua mãe, sua cozinha, suas miniaturas. Fotografe temas diversos, de paisagem até coisas em macro. E o mais importante. SE DIVIRTA fazendo isso!

Espero que gostem.


*Vera Papini é amante da fotografia desde sempre. Quando adolescente era quem garantia o registro dos encontros. Formação técnica em Propaganda e Publicidade pela FECAP , no SENAC iniciou com o Curso Básico e depois bacharelado em fotografia. Trabalha com registros de festas (infantis e adultas), eventos corporativos, books e fotografia de alimentos e produtos. Saiba mais no www.verapapini.com e  flickr.com/vehzitah

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Câncer de mama e as indicações de cuidados

and she's very Intelligent, too

Recentemente, nossa querida Lis Comunello fez um questionamento no grupo, sobre a faixa etária para fazer mamografia.

A pergunta estava relacionada a um momento seu, quando aos 34 anos dores específicas na mama não apresentavam alteração no exame de toque, mas apesar do desconforto e pedidos de exames mais investigativos, os médicos do SUS não indicavam a mamografia.

Se uma mulher de trinta e quatro anos pode ter câncer de mama, porque não pode fazer a mamografia? Era a sua dúvida, já que brigou dois meses para conseguir fazer o exame que, felizmente, descartou a possibilidade de um câncer.

Penso que se temos idade pra ter câncer de mama, então temos idade pra fazer todos os exames necessários para descartar possibilidades de câncer. O mesmo vale para câncer uterino, claro.

Lis Comunello – Consultora de Mídias Sociais

Felizmente, o LuluzinhaCamp é um grupo diversificado, e o compartilhamento de informações, nosso ponto forte. Nossas queridas Carla do Brasil e Lili Bolero trouxeram algumas informações e o resultado podemos conferir abaixo.

Por que a mamografia só é indicada a partir dos 40 anos?

A faixa etária por causa da mamografia está relacionada à sensibilidade do exame. Quando a gente é mais nova, o tecido mamário é mais denso, e aí a mamografia não costuma ajudar muita coisa, porque os resultados não são fidedignos. A partir dos 40 anos, em média, a mamografia começa a ser um exame mais fiel.

“A diferença do tecido mamário da jovem para a adulta é a proporção de células glandulares e gordura e é essa proporção que faz um exame ser melhor ou pior para determinada idade.Por isso, USG é feito para mulheres jovens e mamografia para mulheres adultas”

Lili Bolero – Médica

Mas é lógico, isso não justifica que o médico fale “não vou pedir nada e fica quieta aí”. Tem ultrassom de mama, por exemplo, que é mais fiel quando a gente é mais nova. Antes de dispensar o paciente, existe muita coisa a ser investigada, sempre que aparece uma coisa diferente no corpo (dor, principalmente).

Sobre papanicolau, um movimento que vem crescendo nos últimos tempos é aumentar o intervalo entre um e outro, a não ser em casos que a mulher tenha:

  • histórico de câncer de colo de útero na família;
  • histórico de lesão de colo uterino.

Isso vem sendo bem debatido na área de saúde coletiva.

A prevenção do câncer de mama e de colo de útero

Então vamos entender como prevenir câncer.

– A recomendação do INCA, baseada em evidência científica, para mulheres que não têm parente de primeiro grau com câncer de mama é exame clínico anual pós os 40 anos e mamografia após os 50 anos, a cada dois anos. (A resolução do SUS é a partir dos 40, mas não é política baseada em evidência – oi, laboratórios!)

– A ultrassonografia não é muito confiável para rastreio. Só pega tumores em tamanho maior. Ou seja, só deve ser feita quando tem lesão palpável. Nesse ponto, a gente tá num mato sem cachorro. Exame clínico da mama é parte da atenção integral à saúde da mulher e deve ser feito a partir dos 40 anos todos os anos. E deveria ser feito junto com o papanicolau.

– Para mulheres que têm parente de primeiro grau (mãe, irmã, filha) com câncer de mama, a recomendação é que se comece a mamografia/ultrassonografia de rastreio anual, a partir dos 35 anos. No caso de parentes de primeiro grau homens (pai, irmão, filho), o aumento no risco é o dobro do que se fosse mulher. (Mas a conduta é a mesma)

– Câncer de mama é uma doença (em geral) causada por exposição a hormônio. Então, fatores de risco são: menarca precoce, obesidade ou sobrepeso (tecido adiposo é endócrino), gravidez tardia ou ausência de gravidez, não amamentar, uso de anticoncepcional com alta dose de estrógeno por muito tempo ou antes da primeira gravidez (oi, quase todo mundo!). Uso de álcool também é fator de risco importante para câncer de mama, assim como tabagismo.

Fonte: INCA

Sobre exames clínicos, saúde e qualidade de vida da população

Fazendo um desviozinho do tema, no Brasil, a gente (principalmente quem é usuário de sistema privado) acha absurdo diminuir rastreio, porque a gente tem essa cultura forte de todo mundo saber o valor do colesterol, da glicemia, fazer exame de sangue todo ano…

No entanto, não é isso que aumenta a qualidade de vida da população. O que aumenta a qualidade de vida da população é:

  • cuidar da alimentação;
  • atividade física regular;
  • melhorar a qualidade de sono;
  • diminuir índices de tabagismo;
  • diminuir índices de uso de álcool.

Só que laboratórios e empresas que fazem kits para testes ganham um dinheirão vendendo rastreio como a solução pros nossos problemas não querem saber de promoção de saúde, né?

Promoção de saúde é barato e não dá dinheiro pra ninguém.

E nossa queridíssima Lili Bolero finaliza o tema: “Para mim e para a medicina que eu pratico a clínica é soberana e exame é complementar! Assim sendo, não existe check-up sem indicação.”

Foto: Creative Commons License shira gal via Compfight

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Casa tpm – relato

Quando soube do evento da revista tpm não pensei duas vezes e me inscrevi.

Não assino a revista, mas já tinha tido oportunidade de ler; já tinha gostado dos temas e da forma da escrita. Mas me apaixonei pelo Manifesto TPM!

Se alguém acredita que vai encontrar numa revista, qualquer revista, a fórmula para:

  • 1) ficar jovem para sempre,
  • 2) botar silicone sem risco,
  • 3) barriga zerada com aula de 8 minutos,
  • 4) ser linda, poderosa e feliz, aos 20, 30 e 40 anos,
  • 5) looks certeiros para ter sucesso no trabalho,
  • 6) pílulas que vão deixar cabelo, pele e corpo perfeitos,
  • 7) feitiço do tempo: tudo para adiar (e muito) sua plástica,
  • 8) ler nas cartas como despertar sua força interior,
  • 9) ter qualquer homem, um superemprego, todo o tempo do mundo,
  • 10) alcançar sucesso, dinheiro, glamour… e todos os homens a seus pés,
  • 11) fazer qualquer homem se comprometer,
  • 12) a plástica light,
  • 13) desvendar 100 dilemas amorosos,
  • 14) superar a ex dele na cama,
  • 15) etc. etc. etc.

Enfim, se alguém acredita mesmo que isso tudo seja possível ou ao menos razoável, não precisa de uma revista. Precisa de ajuda profissional. Urgente. Então por que, com uma ou outra exceção, se insiste nessa cantilena? Pois é, todos os desatinos acima, absolutamente todos, estamparam capas recentes de publicações femininas. Inclusive a “plástica light” – que certamente engorda menos que a “plástica regular” e talvez mais que a “plástica zero”.

Olhando por outro ângulo: se uma empresa decidisse usar uma dessas frases para vender seu produto, o Procon entraria em ação. Propaganda enganosa. Essas promessas funcionam como uma versão cor-de-rosa daqueles anúncios antigos, em que médicos defendiam os benefícios do cigarro à saúde do fumante.

Se você está aqui (ótimo, teria sido estranho falar sozinho até agora), é porque quer ficar longe dessa conversa de comadres. Prefere ser tratada como mulher, não como mulherzinha. E você não está sozinha. Só de Tpm são 49 mil exemplares impressos, mais 40 mil seguidores no Twitter, 18 mil no Facebook e 230 mil visitantes no site.

Uma turma que se espanta quando lê “operação biquíni” na caixa de cereais (você só queria tomar seu café da manhã sossegada). Que quer autonomia para decidir o que fazer com o próprio corpo. Não se conforma em ganhar menos que o cara na mesma função. E ainda estranha tanta mulher meio pelada fazendo o papel de cenário em programas de TV. Daí o Manifesto Tpm, escrito a muitas mãos aqui na redação dirigida pela Carol Sganzerla, com participação especial de Paulo Lima, Ciça Pinheiro, Nina Lemos, Rafaela Ranzani, Ana Paula Wheba e Denise Gallo.

Contra os novos clichês femininos e os velhos estereótipos, que cismam em se reinventar desde o tempo de nossas avós (aliás, devidamente homenageadas nas fotos do manifesto). Contra qualquer tentativa de enquadrar a mulher em um padrão, cercar seu desejo e diminuir suas possibilidades. Essas ideias dão o tom a uma série de eventos, ações e reportagens pelas próximas edições.

Se liberdade é ser a mulher que você quer ser, diz aí: você é livre?

Fernando Luna, diretor editorial

 

Incrível e verdadeiro. Não que eu não leia as outras revistas femininas, mas leio com crítica e tento tirar algo bom das chamadas e reportagens já sabendo que algumas são absurdas – como as dicas de Nova, que sempre ficam melhores nas mãos da Srta Bia.

Me joguei pra casa um pouco antes do horário e me arrependi de pegar um táxi. Aguardei não muito pacientemente na fila e entrei ansiosa para ganhar a assinatura de brinde!! (a louca das revistas)

fila da entrada

Irritei-me profundamente quando uma santa criatura masculina que achava que entendia de organização começou a chamar todos da letra A e depois todos da letra M e esses, mesmo tendo chegado depois de mim, entravam antes e começavam a curtir.

Assim que entrei, fui me inteirar do que havia para fazer além das palestras e achei um circuito Natura e unhas da mão da Risqué e rapidamente me inscrevi para os dois. Eram horários longe e nesse intervalo eu veria a casa e as palestras.

Ganhei o brinde da assinatura (obrigada revista tpm – amei o mimo) e ainda adquiri exemplares anteriores e até mesmo a edição do mês (a louca das revistas ataca novamente. alguém me manda praqueles programas de acumulação do Home and Health, please?)

No meio disso vi o @ksalsemvergonha chegando e consegui encontrar a Beth.

O Circuito Natura foi super legal. Passei por uma avaliação de pele, uma make e senti o cheirinho dos perfumes (amei o Humor número 5 que tem notas florais – #ficaadica de presente =P). Ganhei uns mimos da Natura que vou experimentar (e viciar, provavelmente) e achei o máximo porque nunca vou aos eventos pelos brindes e mimos mas confesso que sorrio quando recebo, ainda mais quando curto a empresa. [e curto a natura desde quando fui uma consultora muito embora não tenha tido sucesso nessa profissão =(] A nota triste ficou pela falta de um programa depois da Casa para aproveitar mais o make…

brindes

Depois, no Espaço Risqué, fiz as unhas com um esmalte vermelho chamado Tâmara e ganhei um drinque. Eu devia ter avisado que não bebo para não me dar um copo tão cheio. Estava bom, mas devolvi com mais da metade no copo – dar vexame não é algo que combina comigo. Também saí de lá com uns mimos de esmaltes apaixonantes e doida para comprar outros mais (lembrar de fazer limpeza nos antigos para o novo poder entrar).

As palestras foram o máximo! Entre uma frase e outra que me tocava, tuitava. Queria poder ver e rever tudo de novo. [Nota: sim, está tudo no ar, no site da Casa TPM] Sei que tem as transcrições e vou reler para escrever algo mais digno sobre os diversos temas abordados!

Foi ótima a tarde que tive e espero que mais eventos assim pipoquem por aí, mesmo que eu assista por streaming, porque é bom demais ouvir palestras que acrescentem luz ao meu túnel da vida!

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Julgamento Especial no STF: anencefalia

Hoje, acontecerá no Supremo Tribunal Federal (STF), um julgamento importante para as brasileiras. Será colocada em pauta a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54 (ADPF 54), que discute a possibilidade das gestantes decidirem livremente se desejam, ou não, interromper a gravidez quando houver o diagnóstico de anencefalia.

A Rádio Justiça transmitirá o julgamento a partir das 09:00 horas.

Já escrevi dois textos sobre o assunto:

O julgamento interrompido: aborto e anencefalia. Nesse texto explico alguns detalhes da ação e traço uma linha do tempo do caso desde que chegou ao STF, em 2004.

Desde 1989, pedidos de interrupção da gravidez em casos de anencefalia chegam ao judiciário brasileiro. A maioria dos juízes concedeu as mulheres esse direito, mas decisões em sentido inverso desequilibravam a jurisprudência. Além dos obstáculos para conseguir realizar o procedimento nos hospitais, mesmo com a autorização judicial em mãos. Aborto no Brasil é crime e muitos médicos tem medo de realizar o procedimento. Portanto, recorre-se ao STF para colocar um ponto final nesse caso da anencefalia.

Vale sempre lembrar que nenhuma mulher será obrigada a interromper uma gravidez com feto anencéfalo. Se a decisão do STF for favorável, todas as mulheres que se encontrarem nesse difícil momento da vida, poderão escolher levar a gravidez adiante ou não. Sem precisar de uma autorização judicial para isso.

Foto de Helio Mota, no Flickr em CC, alguns direitos reservados.

O STF e a antecipação do parto de anencéfalo. Nesse texto explico algumas questões médicas e jurídicas controversas que permeiam os casos de anencefalia, como a definição de morte cerebral, transplante de órgãos e o direito a sucessão.

Tanto o advogado da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), que provocou o STF; quanto o voto do relator ministro Marco Aurélio Mello, consideram que nos casos de anencefalia não há uma situação de aborto, mas de antecipação terapêutica do parto. Porque se está comprovada a morte cerebral, não há atentado contra a vida.

É importante lembrar que as mulheres que se veem nessa situação, com uma gravidez de feto anencéfalo, em sua grande maioria desejaram muito ter esse filho. Porém, o diagnóstico por meio de uma ultrasonografia, realizada nos primeiros meses de gestação, acaba sendo um atestado de óbito.

Haverá mulheres que levarão a gravidez adiante e farão do nascimento de seu bebê um evento especial, mesmo que a etapa final seja o cemitério. Porém, há mulheres que não suportam esse sofrimento, que serão torturadas por meses numa gravidez que pode gerar riscos a sua saúde. Todas as mulheres merecem respeito por suas escolhas.

A Gabi Bianco citou uma história muito especial no texto Severina tem que ser feliz de novo. E deixou bem claro um pensamento que também é meu:

Espero que ninguém mais precise passar pelo que passou Severina, que quis comprar uma roupa com touquinha para poder enterrar seu filho, para que na morte ele tivesse pelo menos uma parcela de dignidade. Também espero que as mulheres que queriam levar a gravidez de um feto anencéfalo até o fim sejam respeitadas em sua decisão. Mas a possibilidade de decisão deve existir – e deve ser sempre, sempre da mãe. Nunca de um juiz ou da igreja ou da pressão social. É a mulher que carrega o feto em seu ventre que deve escolher.

Conheça a história de Severina no documentário: Uma Vida Severina.

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