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A Pública

Esses dias, por meio de um tweet aqui, um aviso num acolá, acabei chegando no site A Pública. Uma agência de reportagem e jornalismo investigativo que produz material de qualidade, licenciado em creative commons. E sabe qual o mais bacana? O projeto é capitaneado por três mulheres: Marina Amaral, Natália Viana e Tatiana Merlino, que, entre elas, têm seis prêmios Vladimir Herzog de Direitos Humanos, um prêmio Andifes de Jornalismo e um Prêmio Troféu Mulher Imprensa.

O objetivo da Pública é produzir conteudo jornalístico de interesse geral, que muitas vezes não ganha espaço na grande mídia. A proposta da Pública é fazer jornalismo  “puro” – reportagem – em parceria com veículos, instituições  e jornalistas independentes do Brasil e do mundo. A organização Wikileaks e o jornalista britânico Andrew Jennings estão entre os que já participam do projeto. A proposta também é produzir reportagens em diversos formatos – áudio, vídeo, foto, texto, infográficos – utilizando as ferramentas do jornalismo digital para trazer ao público informação de qualidade, com a interatividade que os recursos oferecem. A missão da Pública é fazer jornalismo de interesse público com o máximo de independência, seriedade e profundidade possível – mas sem deixar de lado a sedução da boa reportagem. Entre as reportagens mais recentes há várias sobre os desaparecidos na região do Araguaia durante a Ditadura Militar.

A Pública é uma boa notícia, num momento em que a mídia tradicional produz cada vez mais factóides ao invés de elaborar boas reportagens. O advento da internet trouxe o caráter instântaneo da notícia, mas não podemos esquecer da importância de nos aprofundarmos em temas complexos. Matéria de outubro de 2010 da Revista Piauí, entitulada: “Caro, trabalhoso, chato” fala das dificuldades do jornalismo investigativo:

Investigações jornalísticas são trabalhosas, caras, demandam tempo e nem sempre rendem reportagens publicáveis. Pode se passar meses escarafunchando um assunto e não conseguir material suficiente. A maioria exige viagens e algumas requerem mais de um repórter trabalhando em tempo integral. Também costumam ser bem mais longas do que as matérias comuns, o que, no mundo do Twitter, lhes reduz o número de leitores em potencial.

Para resolver essa questão, A Pública pretende trabalhar em colaboração com parceiros internacionais em apurações de maior fôlego e publicar reportagens por eles produzidas. Além de estabelecer parcerias com fundações e instituições para pesquisas de longo prazo. O jornalismo investigativo não é tão popular nos dias atuais, em que as pessoas preferem se informar por meio de um tweet. Porém, é essencial para acreditarmos na função social do jornalismo e no fortalecimento do direito à informação. O nascimento de uma agência de jornalismo investigativo no Brasil, feita por mulheres, que disponibiliza gratuitamente o acesso gratuito à informação, deve ser celebrado num momento em que a internet permite o surgimento de uma sociedade mais aberta e colaborativa. Não deixe de acompanhar este projeto.

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Doar Sangue é um Ato de Solidariedade

Ontem, foi o Dia Mundial do Doador de Sangue e a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede que mais pessoas tornem-se doadores voluntários. O objetivo das campanhas não é apenas incentivar as pessoas a doarem, mas a realizarem essa doação regularmente. De acordo com a OMS, a doação de sangue beneficia principalmente mulheres com complicações durante a gravidez e o parto; crianças com anemia severa em resultado de malnutrição e malária; pessoas com graves traumas provocados por acidentes e pacientes com câncer e que passam por algum tipo de cirurgia. Também é importante lembrar que não apenas o sangue, mas também seus derivados como as células vermelhas, as plaquetas e o plasma são separados e direcionados para pacientes com complicações distintas de saúde.

No Brasil, o Ministério da Saúde promove campanhas regulares. Você pode obter informações no site do Ministério sobre quem pode ou não doar, quais as recomendações para o dia da doação (não vá doar em jejum!), além de uma lista com todos os hemocentros do país. A Portaria 1.353, publicada no dia 14/06/2011, traz duas novidades importantes para quem quer se tornar um doador:

Faixa etária para doação de sangue é ampliada. A partir desta nova legislação, jovens entre 16 e 17 anos (mediante autorização dos pais ou responsáveis) e idosos com até 68 anos também poderão doar sangue no Brasil. Pela norma anterior, a doação era autorizada para pessoas com idade entre 18 e 65 anos de idade. Com a ampliação da faixa etária para doação, a expectativa do governo federal é ampliar o volume de sangue coletado no Brasil que, atualmente, chega a 3,5 milhões de bolsas por ano.

Orientação sexual não pode ser critério de seleção. A Portaria 1.353 determina, ainda, que a orientação sexual (heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade) não deve ser usada como critério para a seleção de doadores de sangue, por não constituir risco em si própria. Ou seja, não deverá haver, no processo de triagem e coleta de sangue, manifestação de preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, hábitos de vida, atividade profissional, condição socioeconômica, raça, cor e etnia. Atualmente, doenças transmissíveis pelo sangue como o vírus HIV, não possuem mais um grupo de risco, todas as pessoas que não adotarem medidas preventivas podem adquirí-las. Portanto, é importante acabar com o preconceito aos homossexuais e bissexuais.

 

Imagem: Campanha do Ministério da Saúde

No Brasil, apenas 1,9% da população doa sangue regularmente. Segundo os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), para manter os estoques regulares é preciso de 1,5% a 3% da população doem sangue regularmente. Entre os fatores que fazem os hemocentros precisar cada vez mais do insumo, há o aumento de 65,3% no número de transplantes realizados no país entre 2003 e 2010, que necessitam de transfusão. Ajude a mudar esse número e também as vidas de muitas pessoas.

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Ações e Campanhas Opinião

Não Gosto dos Meninos

Os últimos dois posts desse blog tiveram origem numa discussão em nosso grupo sobre o vídeo “Não Gosto de Meninos”. Um curta brasileiro inspirado no Projeto It Get’s Better. Idealizado por Dan Savage, jornalista americano que decidiu fazer algo ao ver os altos índices de suicídio entre jovens LGBT’s. Dan usou a internet para dizer aos jovens, que sofrem diariamente com o preconceito e a intolerância, que as coisas vão melhorar. O projeto se transformou em um grande movimento social que gerou inúmeros vídeos e teve a adesão de diversas pessoas incluindo Presidente Obama e profissionais LGBT’s que trabalham em empresas de tecnologia como Google, Apple e Pixar, entre outras.

Infelizmente, durante nossas discussões constatamos que o preconceito contra bissexuais é ainda maior. Pois muitas vezes sofrem preconceito dentro e fora do gueto LGBT. As pessoas sentem uma necessidade de encaixotar pessoas em rótulos e estereótipos, parecem temer acreditar no amor como algo menos idealizado e mais humano. Sentir atração por alguém é algo que existe no íntimo de cada um. Porque alguém que decide gostar de meninos e meninas precisa ser obrigado a decidir se é hétero ou homo? Não lutamos por pluralidade e diversidade?

Como disse a Beth em “Bi”cho Estranho:

Amo homens e mulheres. Não escolhi ser assim, do desejo ninguém foge, seria mais fácil não ser. No entanto, cada vez mais eu percebo que certas coisas a gente não escolhe, quem amar principalmente. Isso simplesmente é. E sendo, não tem muita escolha… A gente vive e pronto!

E a Natane em É só respeito, gente:

Não é que eu não queira fazer parte de nada. Eu quero é fazer parte de tudo. Eu não quero definir para não criar paredes. Eu não quero escolher porque mudo o tempo inteiro, todos os dias. E acho que tudo bem mudar.

O que todos queremos é respeito por quem somos. Qual a razão de odiar alguém que ama outra pessoa? O sexo? Depois de anos sendo seres inteligentes e criando milhares de coisas fantásticas, vamos nos definir apenas pelo sexo? Quero acreditar que não, prefiro que não haja definição e que o amor seja livre para escolher seus destinos. Somos pessoas e não robôs pré-programados para amar apenas x ou y. Por isso, continue levantando a cabeça, as coisas vão melhorar, você não está sozinho, estamos lutando com você para que isso aconteça.

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A Marcha das Vadias

Tudo começou em Toronto, Canadá. Um policial dava uma palestra sobre segurança no campus de uma universidade, em determinado momento afirmou que as estudantes devem evitar se vestir como vagabundas para não serem vítimas de assédio sexual ou estupro. A partir daí mulheres em Toronto, e em vários outros países, começaram a marchar pelo direito de serem donas de seus próprios corpos em eventos que receberam o nome de Slutwalk.

We are tired of being oppressed by slut-shaming; of being judged by our sexuality and feeling unsafe as a result. Being in charge of our sexual lives should not mean that we are opening ourselves to an expectation of violence, regardless if we participate in sex for pleasure or work. No one should equate enjoying sex with attracting sexual assault. Site oficial da SlutWalk Toronto

Há muitas discussões em torno do assunto. Há quem considere que tentar ressignificar a palavra “vadia” ou “vagabunda” não vai funcionar, pois no Brasil ela é usada especialmente para criticar a liberdade sexual das mulheres. Porém, todas já fomos chamadas de vadias e vagabundas em algum momento, quando ousamos ser quem somos, fazer o que desejamos. Essa palavra está marcada em nossas histórias pessoais e até mesmo nas novelas.

Slutwalk em Boston. Foto de Nina Mashurova no Flickr, em CC.
Slutwalk em Boston. Foto de Nina Mashurova no Flickr, em CC.

Mas, o principal é: nada justifica um ato de violência sexual. Nenhuma mulher é estuprável. E é contra isso que precisamos lutar. É triste abrir matérias de jornal sobre a Slutwalk e ler coisas como: “A principal atração da marcha são as roupas provocantes, que fazem uma alusão ao estereótipo da prostituta“. Nossas roupas não são a principal atração, não são só mulheres vestidas como vagabundas que são estupradas. Não é nem obrigatório ir com “roupa de vagabunda” à manifestação. O objetivo da Marcha é questionar o controle que existe sobre o corpo das mulheres e sobre nossa sexualidade. E, principalmente, questionar o fato de que as mulheres são culpadas por serem estupradas. Vivemos numa sociedade que nos ensina “não seja estuprada”, ao invés de “não estupre”. É isso que precisamos mudar.

Marchando com outras vadias ou não, o importante é repensar nossos paradigmas. Pensar em quantos homens podem andar sem camisa na rua, sem serem assediados. Em quantas mulheres foram violentadas sexualmente porque estavam bêbadas e foram culpadas por isso. Portanto, não chame a coleguinha de puta, não culpe apenas as mulheres nos casos de adultério, não acredite no discurso que nos condena a viver na dicotomia puta x santa. Somos várias e vamos muito além de fórmulas e estereótipos.

A Slutwalk terá sua primeira edição no Brasil neste fim de semana em São Paulo. Dia 04/06, mulheres e homens se reunirão na Av. Paulista, na Praça do Ciclista – entre a Consolação e a Rebouças – a partir das 14h. Deixo por fim alguns textos sobre o assunto que abrem ótimas discussões e nos fazem pensar sobre o machismo diário que nos veste com uma burca invisível.

[+] Por que ir à Slutwalk. A Marjorie Rodrigues explica porque você deve ir e quais são as principais posições contrárias.

[+] SlutWalk: marcha das vagabundas e o feminismo-gracinha. A Jeanne Callegari discute machismo, feminismo e a questão da prostituição dentro da ressignificações da Slutwalk.

[+] Slutwalk – A Marcha das Vadias. Nesse texto faço um panorama com diversas opiniões a favor e contra a Slutwalk.

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Moda Para Todas

Esses dias as Luluzinhas estavam falando sobre blogs de moda e achei legal compartilhar algumas dicas aqui.

Muita gente acha que moda é pura futilidade, mas a coisa não é bem assim. Nosso vestuário reflete muito os costumes de um determinado período, afinal nossa mãe não se vestia como nós e nem temos mais as mesmas roupas que usávamos nos anos 80. Agora imagine o quanto de história há nos trajes da época do Brasil Imperio. O vestir-se é uma forma de linguagem. Moda hoje significa cultura e representação artística. Já falei um pouco sobre como a moda tem tudo a ver com cultura livre no post Mídia Social, Gênero e Cultura Livre. Hoje quero falar de dois blogs específicos que mostram que moda é para todas, especialmente para quem gosta de soltar a criatividade.

Pelo twitter da Revista TPM descobri o blog da Wendy, o Wendy’s Lookbook. Ela explica que busca inspiração em várias coisas como:  arte, natureza, cultura, arquitetura, comida, pessoas e músicas. Moda representa uma compilação de tudo isso, pois é um veículo para que ela possa brincar com formas e cores, descobrindo seu estilo pessoal. Além da moda, a Wendy é super engajada socialmente, sendo voluntária em programas de reabilitação de jovens infratores, pois ela sabe como é ter uma juventude difícil, batalhou muito para se graduar. Mas e aí, por que tô falando da Wendy? A razão dela estar aqui é um vídeo divertido em que ela ensina 25 maneiras de usar um lenço. Parece bobagem, mas pense naquele lenço bacanérrimo que está no seu armário e como ele pode mudar totalmente um visual. A Wendy te ensina isso num vídeo interativo.

E aí, gostou?

Minha segunda dica é o blog de uma francesa chamada Sakina, o Sak’s In The City. A Sak é uma mulher que tem curvas e ama moda. Na maioria das vezes, as gordinhas tem que rebolar para encontrar peças bacanas que estejam na moda. Muitas das lojas específicas ainda vendem roupas que ficariam ótimas em nossa avó, mas nem nós queremos ver nossas avós tão sem graça. A Sak também cria seu estilo a partir do lúdico, da mistura e do desejo de brincar com a moda. Instigando a criatividade e a novidade em novos looks. Seu trabalho é tão legal que ela se tornou colaboradora da Vogue sobre moda plus size. O que mais gosto nos looks da Sak é que sempre tem um detalhe que deixa o look super a cara dela, como um sapato de oncinha ou uma bota roxa. E ela promove encontros super festeiros com outras gordinhas que também amam moda, provando que todo mundo quer participar dessa brincadeira de se vestir.

Sakina em foto do seu blog Sak's In The City. Clique para abrir a galeria.

Essa é Sakina arrasando na pose do açucareiro. Chique, linda e fashion! Tenho ela como grande inspiração na hora de montar looks, porque é maravilhoso poder criar usando roupas confortáveis. Agora, não deixe de conhecer os blogs bacanas sobre moda e tendência de algumas Luluzinhas, feitos por várias mulheres que adoram moda:

[+] Chat Feminino da Anne Rego

[+] É Tudo Questão de Estilo da Pietra Sugiyama