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Esclarecimentos à Professora Luiza Lobo – A real produção das mulheres em blogs

Professora Luiza Lobo,

Somos um grupo de mulheres blogueiras, que têm vários temas diariamente (ou quase) em nossos blogs. Ouvimos sua entrevista para a Rádio CBN no último dia 1º de novembro. A senhora falava sobre seu livro “Segredos Públicos: Os Blogs de Mulheres no Brasil”. Na ocasião, a senhora foi categórica em afirmar: a produção feminina em blogs tem a característica do diário, do texto confessional, da exposição pública de sua vida privada. Por outro lado, homens fazem blogs de notícias.

Ficamos realmente indignadas com a sua generalização. Uma de nossas companheiras, inclusive, escreveu para a senhora e recebeu uma resposta, digamos, arrogante (como não temos permissão para publicar, não o faremos). Sentimos falta, em sua entrevista, do que lemos diariamente em nossos leitores de feed.

Será que a senhora entende realmente o que é um blog? Das redes que podem – e devem – se formar em torno deles? Das conversas que proporcionam. Da linkania resultante? Das comunidades que se encontram felizes, como a nossa, ao vivo e compartilham seus conhecimentos, experiências?

Blog, professora, é uma ferramenta de publicação na web. Nada mais e nada menos que uma ferramenta. Como tal, não conhece preconceitos de gênero. Homens e mulheres podem, livremente e sem prejulgamentos, utilizá-los para expor suas idéias, quaisquer que sejam. Tentar reduzi-los a gênero – seja ele sexual ou literário – é só isso; reduzir porque não dá conta de entender a complexidade do novo, seu caráter rizomático e sua filosofia absolutamente livre.

Algumas pessoas optam em fazer blogs confessionais. Outras preferem trilhar o caminho da ficção. Há aquelas que fazem blogs noticiosos e há quem prefira escrever blogs opinativos. Alguns blogs são coleções de links, outros expõem trabalhos manuais, ou quadrinhos, ou poesia. Há blogs especializados em qualquer tema que a senhora imaginar. Há blogs de variedades. Há blogs que são uma extensão da profissão, como os produzidos por colunistas da imprensa. Outros são, em si mesmos, uma profissão. Alguns são escritos por uma única pessoa, outros por uma coletividadade.

Existem, ainda, blogs que passam por fases diferentes, temas diferentes, estilos diferentes. E há aqueles que levam hoje uma notícia ao leitor, amanhã conterão um relato pessoal e no dia seguinte apresentarão uma opinião sobre um filme.

Vê, professora, como não há somente blogs confessionais ou noticiosos? Percebe como essa distinção, frequentemente, não é absoluta, e certamente não é excludente?

Saiba, professora, que há mulheres fazendo todos esses tipos de blogs – e outros mais. Fizemos uma coleção de blogs para a senhora ler. É grande, verdade. Mas expressa o tamanho e o volume de nossa produção nesta maravilhosa rede chamada internet.

Felizmente, vivemos em um mundo diferente daquele em que a mulher tinha de esconder pensamentos, emoções e ambições num diário guardado a sete chaves. Felizmente, hoje elas podem se expor – e isso é um avanço.

Por outro lado, afirmar que homens não falam sobre sua intimidade em blogs é de uma generalização desarrazoada, não somente porque há vários blogs confessionais escritos por homens, mas também porque mesmo blogueiros não-confessionais dedicam, por vezes, um espaço em seus blogs para falarem de si mesmos.

Deduzir que a literatura feminina em blogs é confessional é negar às mulheres seu potencial criativo, sua habilidade para tecer ficção.

Dizer que blogs de viagens (ou travel blogs, como prefere) escritos por mulheres são interessantes porque relatam os problemas que elas têm de enfrentar sozinhas durante a viagem é assumir que esse enfrentamento não acontece no cotidiano, independentemente de gênero. Além disso, é ignorar a vastidão de temas abordados por blogs de viagens.

Concluir que textos femininos em blogs são necessariamente subjetivos é negar-lhes seu poder de observação sobre o mundo que as cerca. É excluir-lhes a capacidade de compor textos noticiosos ou científicos. É ignorar sua participação no mercado de trabalho e seus relatos sobre esse mesmo mercado.

Ficamos pensando: será que as pessoas que ouviram sua entrevista e não são blogueiras como nós acreditaram em suas palavras? Gostaríamos de pensar que não, mas sabemos que, sim, provavelmente acreditaram na professora doutora que publicou um livro sobre o tema.

Provavelmente, vão entender que blogs femininos realmente são pessoais e somente pessoais. Possivelmente, da próxima vez que se depararem com um blog escrito por mulher, vão lembrar-se da sua entrevista e prejulgar o texto. Certamente, ao encontrarem um blog masculino confessional lançarão sobre ele um olhar preconceituoso. Porque, professora, pessoas sem conhecimento direto sobre algum assunto tendem a acreditar em acadêmicos supostamente especialistas.

Lamentamos, sinceramente, o desserviço que a senhora prestou aos blogueiros e blogueiras, reduzindo tão drasticamente a diversidade de suas produções. Repudiamos a visão estereotipada e sexista da produção em blogs que sua entrevista transmitiu.

Acreditamos, no entanto, que não houve má intenção no seu discurso. Por isso, anexamos a esta carta uma relação de blogs femininos especializados nos mais variados assuntos: de futebol a tecnologia, de moda a automobilismo. Esperamos que tenha interesse em conhecê-los.

Finalmente, queremos frisar que admiramos profundamente as blogueiras que fazem textos confessionais belos e inspiradores. Valorizamos esta produção, consumimos e produzimos este mesmo tipo de material. No entanto, blogs confessionais são apenas uma parte do universo de blogs femininos. Não cometa o erro de tomar o todo pela parte.
Atenciosamente,

Mulheres Blogueiras da Lista de Discussão LuluzinhaCamp

A lista dos blogs que sugerimos está na página Blogs Femininos

72 respostas em “Esclarecimentos à Professora Luiza Lobo – A real produção das mulheres em blogs”

Lucia, ela diz no inicio que o interesse dela foi nos diários, ou seja excluiu o resto que poderia contribuir para um quadro mais geral da atividade feminina que usam os blogs como meio de expressão, afinal a comparação que ela faz é mais literária do que sociologica.

Entrevistra Original:

http://twurl.nl/7bykn0

Meus parabéns pelo texto que, tenho certeza, não expressa só o pensamento da Lúcia, mas de uma forma geral desse grupo organizado que orgulha a blogosfera, LuluzinhaCamp.

Que de uma vez por todas a professora doutora em em generalizações entenda que as meninas do Brasil varonil produzem muito mais que um lixo que qualquer um edita e vence em qualquer boteco.

[]s

Parabéns pelo texto!
Essa pessoa teve a infelicidade de generalizar, algo mto praticado por seres que preferem não se aprofundar em questão alguma…….
triste
lamentável
pouco instrutivo
nada agradável
pobre

Eu, e minha esposa, que não tem um blog, mas depois de saber das declarações da professora, e ao ler seu texto, compartilha desta mesma indignação, parabenizamos pelas excelentes colocações. Grande abraço.

Esclarecimentos à profa. Luiza Lobo…

Luiza Lobo, professora da UFRJ, em uma entrevista para divulgar seu livro sobre blogs femininos, foi enfática ao afirmar que a maioria dos blogs escritos por mulheres são no estilo diário, enquanto homens escrevem blogs de notícias ou especializado…

É o velho cabresto das pessoas que não conhecem, não querem conhecer e não aceitam que existem pessoas que entendem muito mais do que elas.
Excelente texto Lúcia, falou por todas nós. Por mais que o meu blog seja “diário”, tem coisas muito sérias lá.

Excelente texto e espero que a professora leia.
De antemão, blogueiros não comprarão o livro, porque nada acrescenta à blogosfera. E não blogueiros não comprarão, por quê, a quem interessa o tema? Ela perdeu tempo escrevendo isto, realmente, um desserviço. Beijus

Gente agradeço os elogios, mas vamos deixar claras as coisas: o texto base foi escrito pela Lu Monte. O grupo inteiro palpitou, lapidou. A dona Lu Freitas aqui só publicou. O trabalho é absolutamente coletivo.
bjs

Saudações,
Gostei muitissimo das palavras, embora grande parte das coisas que eu escreva seja sobre mim mesma, meu blog é bem mais que um diarizinho de menina, é a forma que tenho para me expressar seja subjetivamente ou falando de inúmeros assuntos que são de meu interesse, portanto concordo que classificar desta forma é no mínimo falta de estudo, afinal se ela realmente estivesse procurado aprofundar-se sobre o assunto em questão saberia que este univero é bem mais que simples diários.

Beijos

[…] Ainda bem que a blogosfera feminina brasileira não ficou calada diante de tamanha desinformação e botou a boca no trombone! Veja a repercussão da entrevista da professora no blog LuluzinhaCamp e a resposta das meninas prá ela! […]

Amorecos,

A questão não parece muito clara pra vocês num ponto: estatística.

Quando alguém diz que determinada coisa é majoritariamente de um jeito, isso não implica em que não possa ser de outra maneira.

Assim, existem todos os tipos de blogs de pessoas de ambos os sexos – e de todas as orientações sexuais, de todas as faixas etárias, de todas as raças e de vários extratos sociais. Contudo, estatisticamente, é correto afirmar que os blogs femininos tratam de diarices. Aliás, a maioria dos blogs de forma geral.

E, desculpem, mas não é possível fazer pesquisa sem levar em conta tendências gerais, números, amostragem. Sou mestre em comunicação e, pra fazer minha dissertação, pesquisei por 3 anos mais de 500 blogs e posso afirmar categoricamente que a maioria dos blogs é de cunho diarístico e que essa prática é maior entre as mulheres. Ponto.

A regra não parte do caso particular. Parabéns pelos seus blogs, sejam lá eles o que forem, mas eles não são a regra, percebem? Ou vocês acham que a maioria das várias adolescentes que criam blogs diariamente fazem coisas similares aos seus blogs?

Além disso, há ainda outro ponto obscuro na cartinha acima, quando é dito que “Blog é uma ferramenta de publicação na web. […] Como tal, não conhece preconceitos de gênero”. Outro equívoco.

Blog, primeiro, não é uma ferramenta, mas um sistema, ou, mais exatamente, um dispositivo. Depois, sim, é claro que como tal, ele não determina usos ou, no caso, apropriação diferenciada por sexo. Entretanto, as pessoas se apropriam da técnica – suporte, ferramenta, dispositivo, o que for – como bem entendem. Assim, embora um blog não obrigue a isso, a utilização que a maioria das pessoas, hoje, faz dele é diarística. E essa prática, também maioria entre os homens, é ainda mais comum entre as moças.

Por fim, é claro que um blog diarístico não é necessariamente exclusivamente diarístico. Mas voltamos ao raciocínio estatístico: se a maioria de seus posts aponta pra determinado uso, tal blog pode ser caracterizado de tal ou qual modo, mesmo se eventualmente há outros tipos de postagens.

Espero que, à luz desses esclarecimentos, a colocação “a produção feminina em blogs tem a característica do diário, do texto confessional, da exposição pública de sua vida privada” possa deixar entrever que não é tão fechada como vocês a leram – e muito menos equivocada.

Sintam-se livres pra responder, o e-mail tá aí.

Curiosamente, e ao contrário do que tá escrito, quem toma o todo pela parte são vocês. O que seria essa relação de blogs “sobre os mais variados assuntos” senão uma circunscrição de uma parte? E de uma parte ínfima, devo acrescentar.

Trata-se de uma parte selecionada criteriosamente pelos afetos de vocês e que, de modo nenhum, é demonstrativa da média.

para o Francisco Slade (que tem jeito e gosto de troll):
Francisco,
Ninguém aqui generalizou. Quem generalizou foi a tal professora. É horrível vc trabalhar pela diversidade e vir alguém de fora do grupo e dizer “é assim”. Ninguém aqui nega que blogs são PESSOAIS – algo absolutamente diferente de diarístico, aliás. O que nos incomoda na “pesquisa” e, pior, na entrevista – porque a gente sabe bem que no Brasil, a entrevista tem muito mais alcance que livro – é a generalização. Acho que deixamos isso muito claro.
Ninguém aqui pediu pra você concordar. Aliás, nem site vc tem, né? Sabe como é fazer blog, construir relevância, criar uma comunidade, ocupar seu tempo respondendo aos comentários? Experimente. É um teste de conversa que todo ser humano deveria experimentar, IMO.
Obrigada pela visita e pelo tempo gasto neste comentário.
Abraço

Já que você postou aqui, faço o mesmo com minha educada resposta.

E obrigado pelo “troll”. Me deixou sorrindo de uma orelha à outra.

***

Lucia,

Leia com atenção, de coração aberto, sem se defender a cada linha. É só o que peço.

Sobre os blogs, experimentei bastante. Mantive já uma série de blogs, um deles por 3 anos. Além disso, como eu disse, pesquisei intensa e profundamente esse universo, do qual fiz parte pelo viés literário. Além disso, sou escritor, tenho livros publicados no Brasil e no exterior e outro no prelo agora.

Não seja tão impermeável, pois o que eu tô tentando dizer é que:

1) Vocês, querendo ou não, generalizam dizendo que sua lista prova que a outra lá tá errada. O que é a sua lista em termos estatísticos? Nada. É a mesma coisa que eu dizer que a maioria dos blogs é como aqueles que eu conheço.

2) Ela, a professora, generaliza na medida em que TODA pesquisa é generalizante como sistema – porque é impossível chegar a TODOS os indivíduos do mundo. Assim, por amostragem, ela tá correta. Funciona como pesquisa eleitoral. Ou como pesquisa de consumo, ou de opinião, ou de qualquer coisa. Chama-se levantamento.

Não conheço a professora, não tô defendendo o trabalho dela. O que quero dizer tá no comentário. É uma questão de bom senso.
Se eu digo “As mulheres costumam manter blogs confessionais” não tô excluindo que existam outros – e inclusive o seu e os da sua lista. Percebe? É cristalinamente claro.

E ela também não disse que um blog confessional não pode ter outros tipos de posts. Mas isso não muda sua orientação majoritária.

Sem brincadeira, não tô falando um absurdo. É um argumento claro. E só digo porque estudei e escrevi muito sobre o assunto, e seriamente. E eu acho que é, no mínimo, leviano criticar alguém dessa maneira sem AO MENOS LER O TRABALHO, baseando-se numa entrevista de 5 minutos, onde pesam coisas como nervosismo, dificuldade de expressão oral e, se não for ao vivo, edição.

O que quero dizer é que você tá sendo tão irresponsável quanto alega que ela seja se julga o trabalho dela sem conhecê-lo e se afirma que ela não fez pesquisa sem saber se fez realmente. Ainda por cima porque uma pesquisa, ao menos hoje, confirma a colocação dela. Basta fazer uma.

Você tá pré-julgando a professora e reclama que ela o faz.

Entende? Não é razoável o que tô dizendo?

Costumamos ler os blogs com os quais nos identificamos. Assim, se o seu blog é de uma determinada maneira, os blogs que te afetam tendem a ter alguma área de interseção com o seu, bem como seus leitores são pessoas que se interessam pelo que você escreve. Isso não significa que não haja todo um universo distinto lá fora. O que você aponta como indicador é um microcosmo.

Veja por outro ângulo: você acha seu blog bom, acima da média, não acha? Pois bem. Da mesma maneira, os blogs que você costuma ler são os que você acha bons – acima da média. Então como eles podem ser demonstrativos da média? Vê? São a representação de um extrato e não podem ser tomados como indicativos da produção de massa. Entende?

Certa vez, numa aula, tinha lá uma pós-doutora em sei-lá-o-quê da comunicação, ciência cognitiva, se não me engano. Era um curso com um professor europeu convidado, 8 alunos somente, na UFRJ, sobre mercado cultural. No meio de uma das aulas, essa pós-doutora disse que “a religião não é uma coisa importante no Brasil”. Pra defender o absurdo, argumentou: “Quem nessa sala tem religião?”. Realmente, ninguém tinha. Mas isso quer dizer alguma coisa? Claro que não! Um número tão pequeno de pessoas e num meio tão extratificado não é regra de nada.

A regra é média, a regra é geral e generalizante. Mas as regras, como você sabe, têm exceções. Ainda bem! Você pode ser uma delas, assim como os blogs que aponta, mas isso não muda a lógica. Concorda?

A impressão que eu tenho é que você se ofendeu com a entrevista e tomou um viés agressivo. Mas tenha em mente que a professora não tá falando do SEU trabalho, que não é a regra, e nem negando sua existência como exceção.

Espero ter sido claro. Não tô aqui pra ofender ninguém. Só quis que alguém que provavelmente gastou anos num trabalho seja tomada por idiota sem o benefício da dúvida.

Existem muitos – muitos! – acadêmicos imbecis. Pode até ser o caso. Mas não julgue a priori.

Sinceramente,
F

Ai, Lúcia, quanta falta de vontade de parar e pensar, pesar argumentos, eventualmente mudar – ao menos um pouquinho – de opinião!
É impressionante como você fez com o recado do Francisco exatamente o que fez com a professora Luiza Lobo: ouviu e leu sabendo a priori exatamente o que ia achar. Quanta preguiça mental, quanta obtusidade!
Eu tenho um blog, já tive outros, é de poeminhas bestas e cheio de diarices, e compreendi o que a professora quis dizer e achei, olha, achei bonito (e extremamente esperançoso!). De fato, é bom saber que as mulheres estão se expressando, sem medo, escrevendo coisas ruins ou boas, estão dando a cara a tapa.
Mas aí vejo uma posição como a sua e vejo que ninguém está dando a cara a tapa coisa nenhuma. Que feminismo defensivo e tosco é esse, que não consegue identificar quando alguém aponta algo positivo – quando este algo positivo não está dentro da esfera do esperado, do conhecido…
Que pobreza de espírito, Lúcia.
E quantos erros de português, meu deus!

Francisco Slade, muito obrigada pela aula sobre estatística e blogs. Foi realmente muito gentil de sua parte nos lembrar de sua formação acadêmica, concedendo um tempinho para nos julgar de forma tão imparcial. Devo dizer que foi inenarrável a sensação de ler algo tão desdenhoso quanto “Parabéns pelos seus blogs, sejam lá eles o que forem”. Fiquei impressionada por você agir com tanta intimidade, tratando como “amorecos” mulheres que você nunca viu na vida (mas é impossível não especular se você comentaria num blog de homens chamando-os de amorecos também, ou se adotaria um tom mais respeitoso e menos arrogante). Porém, nada supera a minha estupefação ao saber que você nos autoriza (!) a te responder, inclusive por e-mail.

Respondo nos comentários, já que esta é a prática dos blogs, e você, como ex-blogueiro, sabe disso. Desculpe a sinceridade, mas você não entendeu nada do que nós escrevemos. É uma pena que você não tenha percebido que não estamos falando de estatísticas, nem de partes ínfimas ou não-ínfimas da blogosfera. Estamos falando de respeito à diversidade de blogs existentes, sem fechá-los em nichos generalizantes ou estereótipos, valorizar uns ou desvalorizar outros.

Seu raciocínio para as estatísticas é exatamente o que procuramos combater. Não é porque a maioria dos blogs é confessional e ligada ao cotidiano que isso significa serem fúteis, menores ou sem valor (inclusive literário). Nem é porque muitas de nós escrevemos blogs não-confessionais (“especializados”, como quis a profa. Luiza Lobo), que eles se tornam exceções ou insignificantes. O que nos importa é afirmar que todos os blogs têm seu valor, e que rotulá-los, inclusive estatisticamente, leva à invisibilização do que você chamou de exceções, como se não tivessem importância alguma. É tão óbvio que este é um raciocínio simplista e preconceituoso, que me surpreende que você, e outr@s comentaristas, não tenham compreendido isso antes.

Afirmar que é necessário ler TODO o trabalho para saber o que a autora quis dizer com a publicação dela é outra simplificação terrível. A pensar desta forma, resumos acadêmicos e entrevistas de divulgação não deveriam existir. É óbvio que o mundo não funciona assim, já que tanto resumos quanto entrevistas são fundamentais para divulgar o trabalho e interessar aos prováveis leitores. Como já dizia um professor meu, se você não consegue resumir seu trabalho em uma linha ou duas, então você ainda não sabe o que está fazendo… é por isso que podemos, sim, comentar e criticar uma entrevista.

Espero que, à luz destes comentários, você possa compreender o nosso post de esclarecimento.

Francisco:

Darlinzinho, tem só um ponto que vc esqueceu: que foi enviada correspondência à Sra. Luiza Lobo, questionando a entrevista, e ela foi categórica, re-afirmando que blogs femininos são sim, confessionais, que não tinha choro nem vela, não tendo admitdo exceções ou feito quaisquer ressalvas quanto a estatísticas, amostragem e coisas desse jaez.
Pena que ela não o conheça, talvez vc com os seus conhecimentos pudesse ter ajudado a douta professora em sua resposta – pois pelo visto, além de não saber se exprimir em entrevistas, ela tb não consegue responder a um questionamento sem arrogância (pois quando o email foi enviado em nome de apenas uma pessoa a arrogância foi a tônica de sua resposta).
O problema todo aliás está nisso: ela não falou que era uma amostragem, que era estatística, nada disso! Ao contrário, para “embasar” suas assertivas, mencionou um blog de viagens onde mulheres relatavam “seus problemas” e também vários blogs que falam de “suicídio”.
Como professora, afeita às técnicas de redação e acostumada a embasar seu trabalho (ou ao menos, estou partindo da premissa que ela domine tais técnicas) ela deveria ter feito a ressalva. Era só falar: “há muitos blogs femininos, mas cheguei à conclusão de que, estatisticamente os tais blogs femininos confessionais são maioria”, e não falar a bobagem que ela falou quando mencionou os blogs de viagem.
Ela foi leviana. Ela até poderia ter sido leviana, mas não poderia continuar a sê-lo quando chamada às falas.
A diferença entre um professor, um sábio e um professor apenas no título está na capacidade de aprender e de reconhecer erros. O verdadeiro professor, o verdadeiro sábio não se importa em rever posição, ou de explicar seu ponto de vista de forma a convencer a platéria – e não se importa porque sua única fraqueza é a sede de conhecimento, e não a ânsia de impor suas idéias.
Ah, talvez ele não seja muito boa em entrevistas? Bom, então ela que não as conceda, afinal, ela tem uma imagem a zelar. Nós podemos sim, julgar a entrevista dela sem ler o livro – não comentamos o livro, comentamos a entrevista.
E eu já tinha me predisposto a ler o livro para comentá-lo. Assim que terminar de ler, farei meus comentários.

Bisous!!!

Ah, que demônio deve ser a clareza, que pecado a lógica! Há que lutar contra ela com todas as armas… Peguem suas tochas e queimem o herege!

Enfim.

Moça, como queira. Eu só me pergunto onde – quer no que eu escrevi, quer no que disse a professora – estão os termos “futeis” e “insignificantes”, ou onde se diz que seus blogs “não têm valor” , ou onde “exceção” tem cunho pejorativo. Onde?

Você tá se defendendo de pedras que não foram jogadas. Sinceramente, escutei a entrevista e a professora fala tão en passant sobre os homens, por exemplo. Não vou transcrever tudo, mas ela diz CLARAMENTE que os blogs masculinos são MAIS jornalísticos (e não somente como querem seus ouvidos) e que os femininos são MAIS confessionais. Não EXCLUSIVAMENTE, percebe?

E ademais, ela diz que SEU INTERESSE recai sobre os femininos confessionais, e não que não haja outro tipo de blogs. Depois ela diz que esse tipo de blog é MUITO INTERESSANTE e que REPRESENTA UMA LIBERDADE PRA MULHER, que a EXPERIÊNCIA É VÁLIDA, independente de quem conte. Pra coroar, ela diz que isso, esse tom confessional, é uma EVOLUÇÃO na posição da mulher desde os anos 70. Cadê o desrespeito?

Ao passar pelos seus ouvidos, Cynthia, é que a entrevista, inócua – ou até elogiosa e interessada –, virou um monstro.

As únicas coisas que vejo ali são uma pergunta infeliz da repórter, que, por ser mal formulada, dá a impressão da generalização absoluta e um momento em que a pobre professora é também infeliz em dizer que em nenhum blog masculino há a ameaça do suicídio. Certamente que há. E é só.

Mas eu entendo, ah, entendo. Tanto que meu comentário, que nem fala da entrevista da professora, mas de simples método de pesquisa e que defende que o caso particular não aponta regra, meu comentário virou uma ofensa pessoal. Não só isso, ele é mal lido por você, que diz coisas que não estão escritas ali.

Até posso ter sido desagradável no primeiro comentário, mas, à resposta da Lucia – a quem agradeço, mesmo que discorde de mim categoricamente, por ter lido meu segundo comentário desarmada e gentilmente –, mudei de tom e tentei apenas expor meus pontos.

O que precisa ficar claro é que ninguém tá atacando vocês. Ao menos, eu não. Nem sobre a entrevista eu falei. Só o que disse é que, meudeus, ajudai-me, que o blog de vocês, talvez infelizmente, mas depois da sua resposta estúpida já começo a achar que felizmente, não é a regra. E pra comprovar isso basta olhar 20 blogs aleatórios. E que, fazendo uma PESQUISA COMPETENTE, SÉRIA E CRITERIOSA,como fiz, concordo que, MAIS USUALMENTE, a mulher assume um tom confessional em blogs.

Simples assim.

Não fiz juízo de valor. Pra falar a verdade, durante muito tempo, devido à pesquisa, ACOMPANHEI COM GOSTO vários blogs confessionais femininos. Traduzo: significa que eu VEJO VALOR ali.

Vê?

Cadê a ofensa?

Tudo isso por um “amorecos”? Sendo que logo depois mudei de tom?
Ah, faça-me o favor, dona Cynhtiyah!

E mais, você vai me desculpar, mas o seu comentário é das coisas – perceba, não disse texto, não disse e-mail, disse coisas, de todos os tipos – mais obtusas com que já tive contato na minha breva vida. Assustador.

Querida, amostragem não é raciocínio maquiavélico de homens malvados – é o possível se quer-se observar um número de indivíduos maior do que a lotação de um estádio de futebol. Não, não argumente contra isso, esse ponto, porque seria atentar contra sua própria inteligência (sic).

“Invisibilização das exceções”??? Em que planeta você vive? Ora, se são as exceções que se destacam – ou que deveriam – da planície do igual, da regra! Quem aqui defende a regra?

Outra, eu não disse que é preciso ler todo o trabalho dela pra blá-blá-blá, como você diz. Pra começar, na minha opinião, ela é clara na sua proposição desde o título do livro – e ainda mais na entrevista. Depois, o que eu disse é que seria interessante ler qualquer coisa do trabalho dela pra ver se há mesmo essa tal simplificação, que NÃO tá presente na entrevista, mas na sua interpretação ressentida.

E é óbvio que pode-se criticar uma entrevista. Assim como eu posso criticar esse seu texto míope, que se recusa a caminhar pra discussão saudável, como propôs a Lucia, mas insiste em agredir. Apesar do meu início em tom equivocado, há uma clara tentativa de remediação logo adiante. Mas, paciência, se você prefere, vamos todos jogar pedras, êêêêêêê!

Sinceramente, eu é que acho, não, tenho certeza!, de que você não entendeu patavinas do que eu escrevi e veio com essas respostas pré-fabricadas mentecaptas.

Pra terminar, sim, se fosse um blog de homens eu diria “amorecos” da mesma maneira. Diria porque é CLARAMENTE uma opção irônica NÃO LIGADA a gênero. Diria porque é um hábito meu, que aliás minha mãe já usava (veja, uma mulher!). Mas não, claro, isso não pode ser, eu devo ser um maldito inimigo machista! Julgue, mais uma vez, a priori, veja misoginia e sexismo em tudo!

Isso, inclusive, me leva a outra questão, a da patrulha ideológica idiotizada. Você é que enxerga sexismo onde não há. No fundo, sexista é você, que considera sexista a entrevista, meu inofensivo “amorecos”, que me ataca com tanto afinco provavelmente porque eu sou homem, enquando deixa sem resposta o cometário da moça logo acima, que, correto de ponta a outra, é BEM mais ofensivo que o meu.

Se foi você que escreveu à professora, imagino que o e-mail arrogante dela faça, na verdade, muito sentido, se justifique. Aliás, sendo você a leitora que é, me pergunto até se ele é realmente ofensivo ou se, outra vez, a infâmia tá nos olhos de quem lê.

Peço desculpas a quem mais, não alvejado aqui, possa ter se sentido melindrado e agradeço mais uma vez à Lucia pela tentativa de diálogo, embora ela não conste aqui – e nem faria mais sentido mesmo.

Oi, Francisco,
Voltei. Não vou te responder ponto a ponto, não dá. Principalmente depois deste teu “destampamento com a Cynthia”. Só te conto uma coisa – que talvez tenha se perdido no palavrório: a nossa primeira providência foi, exatamente, transcrever a entrevista da professora. Se quiser, faço um arquivo e mando para você.
Mais: não vale desancar a Cynthia. É uma mulher com um trabalho superconsistente e que merece todo o nosso respeito, mesmo que a gente discorde.
Lucia Freitas

Flavia, Flavia!

Afinal!

Obrigado!

T’as raison, ma cherrie! Merci de tes môts!

Finalmente alguém me respondeu sobre aquilo de que falei!

Sim, boto minha viola no saco. Parabéns! Sério! Você respondeu exatamente todos os pontos. E, como eu disse a princípio, não tava defendendo a professora, mas o fato, que por acaso pude comprovar, da maior incidência do diarístico/confessional entre todos os blogs, com curva mais acentuada entre as moças.

Pena então, que a professora esteja tão equivocada, ainda que isso não fique tão claro no 5 minutos da entrevista. Azar o dela.

Obrigado ainda pelo tom irônico, porém contido, não agressivo, que eu acho muito saudável – mesmo.

Enfim, sua resposta me pareceu clara, falou sobre os pontos que levantei, argumentou com precisão a respeito deles – e não negando-os desbaratinadamente. Eu entendo o que você disse e acho que você tem razão.

Seu e-mail, no meio disso tudo, serve como parâmetro.

Merci encore une fois.

Des bises pour toi aussi.

Em tempo, o comentário em resposta à Cyhnthyah tava sendo escrito antes que eu pudesse ler o da Flávia.

E onde lê-se “e-mail” na resposta à Flavia, eu quis dizer comentário.

Francisco, obrigada. E devo dizer que tb é meu costume chamar todo mundo de darlinzinho (no twitter faço isso muito) – mas foi sim uma brincadeirinha, não vou negar…
beijos pra vc!

Bom, acho que conseguimos. Os comentários aqui preencheram o vazio que cavam as generalizações. Na disputa de quem escreve melhor, de lambuja ganhamos uma entrevista coletiva sobre blogs. Pois continuem comentando! Assim ganharemos mais relevância, mais conteúdo, mais opiniões, que a tal entrevista. Um movimento completo em torno do assunto, e logo ela passará a não ser mais importante. Simples assim. O coletivo é tudo! 🙂

Ah, Francisco Slade, que comentário mais poético e gentil! Que capacidade de conseguir trocar idéias sem agressões, sem pressuposições e sem errar o nome da interlocutora! Que capacidade de contradizer o próprio comentário!

Foi você mesmo quem disse: “E eu acho que é, no mínimo, leviano criticar alguém dessa maneira sem AO MENOS LER O TRABALHO, baseando-se numa entrevista de 5 minutos, onde pesam coisas como nervosismo, dificuldade de expressão oral e, se não for ao vivo, edição.” E, em seguida, me respondendo: “E é óbvio que pode-se criticar uma entrevista“….

É claro que analiso o mundo pelo prisma do sexismo, trata-se de meu objeto de estudo. Mas isso não esconde nem invalida o fato de que você usou UM argumento de forma sexista. Se apontei isso e você se incomodou tanto a ponto de perder a compostura e generalizar todo o meu comentário como uma perseguição ao seu sexismo (que repito, foi apontado apenas em relação a UM dos termos que você usou), não há nada que eu possa fazer por ter dito a verdade, a não ser lamentar por você ter perdido o controle e ter sido mais agressivo do que a boa educação recomenda. E, já que você afirma que “amorecos” não é sexista, mas irônico, ficou bem evidente o seu interesse em vir aqui iniciar uma discussão saudável de forma educada e respeitosa. Apenas respondi no mesmo tom que você usou.

Francisco, das suas afirmações, e das afirmações da professora, decorre tudo o que eu falei no meu comentário. Você sabe bem, como ex-blogueiro e pesquisador, que blogs confessionais são considerados pelo senso comum como de segunda categoria, fúteis, insignificantes, meio para alguma outra ambição, ou preocupados demais com o cotidiano e de menos com questões mais, digamos, abrangentes. Quando um/a especialista generaliza todos os blogs como confessionais, não destaca as exceções, mas as omite, invisibiliza. É como se as exceções fossem uma deturpação, um desvio do “conceito” que afirma que blogs estão ligados ao confessional e ao cotidiano, e que não devessem ser levadas em consideração no cômputo final. Só que definir as exceções assim é pejorativo, porque não percebe as nuances, impacto na comunidade, formas de expressão alternativas… Você pode até não querer valorar (tentando manter a neutralidade do pesquisador etc e tal), mas nas entrelinhas acabou valorando e reforçando o senso comum, inclusive nos tratando como exceções que querem fugir à regra, usando para isso estatísticas e uma contextualização que coloca as exceções como um desvio; por mais que você diga que é bom existirem as exceções, o tempo todo sua argumentação reforça que somos um desvio que deve ser relativizado pela regra dos blogs confessionais. Todo esse raciocínio é pessimo pra todos os blogs, está bem longe de ser o que nós queremos, ou concordamos, e foi por isso que escrevemos o post.

Repito: você não procurou entender o que está escrito tanto no post quanto nos comentários. Não vou ficar me martirizando procurando mil formas de te explicar o que já dissemos, até porque parece que você entendeu a explicação da Flávia. Acalme-se, esfrie a cabeça e releia tanto o post quanto os comentários. Tenho certeza de que você é inteligente e vai finalmente entender sobre o quê estamos falando.

Por fim, como duas manifestações no mesmo post é o meu limite, encerro minha participação neste debate.

“É claro que analiso o mundo pelo prisma do sexismo, trata-se de meu objeto de estudo.”

Meu deus, como deve ser horrível pra você viver! Até escolher legumes deve ser de uma angústia!

Como já diria o comentarista mais brilhante deste post:
mimimi.

Cynhthiya,

Dou-me por vencido. Não é um raciocínio que você defende, é uma fé – no sentido religioso do termo.

Acho esse que seu último comentário chega a ser autista. Absurdo. Sinceramente, quem sou eu pra concorrer com seus antolhos. Fica com eles. Me lembra “Oleanna”.

Só pra dizer, há um oceano de diferença entre a resposta da Flavia e as suas. Não estão sequer no mesmo universo.

No mais, acabo também, infelizmente – infelizmente! –, tendo que concordar: mimimi.

Me calo.

Mas, considerando que entrevistas jornalísticas são quase sempre superficiais – mais distorcem que revelam -, o que vocês acharam do trabalho em si? Digo, da leitura do livro. Alguém leu?

Abraços do Alessandro.

nossa, ainda bem que meu marido não leu isso aqui… se ele visse as bobagens que o francisco falou sobre pesquisa ia surtar 😀

pensando com meus botões. mantenho um blog que poderia ser “mulherzinha”, já que falo de paternidade e suas idiossincrasias.

é o http://paidemenina.blogspot.com

mas tenho outros, nos quais gosto de expor comentários sobre os fatos correntes, textos pessoais, viagens poéticas.

recentemente fiz um post sobre a relevância do que é publicado pelas mídias tradicionais e reprozidos on-line, seja em blogs, seja em portais.

a professora em questão levantou a polêmica sobre o que os gêneros postam em seus blogs?

é relevante?

não.
quem produz em mídias digitais não precisa da aprovação dos acadêmicos ou dos consumidores de mídias tradicionais.

esta professora pode falar o que quiser na cbn.

não afeta como encaramos a mídia e suas possibilidades de expressão.

vão nos ler aqueles que gostam de pensar, de exercitar a curiosidade, de descobrir, de estabelecer um relação mais crítica com o universo sócio-cultural que nos cerca.

o pesquisador polêmico e afeito a flames, que cita estatísticas e determina a média do VALOR, da qualidade, em produção tão vasta está equivocado.

não é o objetivo dos weblogas compactuar com os limites estéticos dos suportes tradicionais. da turma engessada em pr´-conceitos

claramente a acadêmica não entende as dinâmicas do meio digital. fez uma amostragem pífia.

ela deve curtir as páginas lacradas da revista NOVA…

mas o teto de vidro está sendo construído pelos próprios autores(as) de blogs.

apesar de existirem blogs de temática feminina genéricos, existem também aqueles que geraram credibilidade, com poder publicitário na sua concepção, que atingiram picos de audiência online e, em seguida ao sucesso nas mídias tradicionais (televisão e literatura), acabaram como mais um amontoado de palavras no cemitério digital.

falo do mothern.blogspot.com

o blog serviu para alavancar a popularidade da marca criada pelas gestoras do espaço. a marca foi comercializada.

desde novembro de 2007 não surgem posts novos.

direito das donas do blog, claro. mas ao canalizar a audiência do espaço digital para produtos comerciais em outras mídias, como TV por assinatura e livros, surge um compromisso de continuidade. de respeito ao leitor. de ética.

os que liam o blog como um alento às alternativas comerciais sobre educação de filhos e dilemas de mães que fogem ao tradicional, hoje encontram apenas a chance de ver duvidosos dilemas classe média (o texto da série não é das autoras do blog) mal-interpretados, entre um comercial ou outro (fora o merchandising).

pesa ainda o fato de que algumas discussões relevantes do universo feminino, presentes no blog, sequer permeiam o roteiro da série de TV.

esse tipo de relação com o meio provoca mais danos do que a entrevista da professora em questão.

fica para reflexão a validade de usar o suporte como mais uma expressão do feminino, e depois, abandonar os textos.

quem é mais pernicioso para a credibilidade da palavra da mulher nas mídias digitais?

a professora lesada ou aqueles que aproveitaram as possibilidades e abandonaram um filho morto, suportado apenas por um caótico livro de visitas?

o correto seria tirar o blog do ar.

e promover a busca de novas idéias e conceitos para representar os dilemas e diferenças da feminilidade.

Abraços,
Felipe B


Felipe, que alívio receber um comentário deste tamanho e com este alento. Obrigada, do fundo do coração.
Luzes no fim do túnel sempre aparecem.
bj da Lu Freitas

Vcs além de desumanos e cruéis, estão por fora. Fiquem vcs sabendo que além de um enorme talento para escrever, td o que a professora Luiza Lobo publica está muito bem fundamentado.
Além disso td ela ainda é muito querida e respeitada pelos alunos. Quem não gostaria de tê-la como orientadora?

Francisco, parou o drama???
Ou vai continuar a dar uma de personagem coitado de tragédia grega que está sendo martirizado por ser o único com razão?
“Oh, a razão! Tão difícil ser o único com um pouco de razão, blá blá blá”

Quem está defendendo algo aqui como se fosse fé é você, amigo. Enfiou na sua cabeça que a tal da profa. (graaaaande profa.) não disse nada de mais e pronto! Agora o mundo tem que aceitar!

Se a Lucia não pode se basear em uma entrevista de 5 minutos, a tal da professora não pode também se basear numa pesquisa claramente mal-feita (pra não dizer *********) e querer pagar de bonita dizendo na CBN o que ela disse.

Sim, porque ela só pode estar querendo pagar de bonita e mostrar que ela como mulher também é capaz de descer a lenha nas mulheres, blá blá blá.

E É DESCER LENHA SIM!
Não há nenhum problema em ter um blog pessoal, como um diário. MAS HÁ UM PROBLEMA EM SÓ SER CAPAZ DISSO. Eu tenho um blog sobre moda. Não há problema pra ela em blogs de moda, pelo que entendi. MAS HAVERIA PARA MIM SE ELA DISSESSE QUE “MULHERES SÓ SÃO CAPAZ DISSO”.

O problema aqui não é que mulheres não querem ser vinculadas a blogs pessoais. O problema está em que NÃO VAMOS SER VINCULADAS A SÓ UMA COISA. Segundo a professorinha, só temos uma capacidade.

A única parte real de toda a história dela é que UMA mulher específica (ela) demonstrou só ter mesmo uma capacidade (falar besteira)!

Mas vamos lembrar que eu disse “SE a Lucia não tem o direito de julgar em uma entrevista de 5 minutos”… SE! Mas não é o caso.

A Lúcia TEM esse direito porque a tal professora foi na CBN VENDER seu livrinho e mostrar o quããããão necessário pra vida na terra seu livrinho é. Ou seja, ela foi falar do graaaande trabalho que ela teve, e se ela não fez direito, problema dela! Uma pessoa que não consegue nem falar algo que seja interessante por 5 minutos mostra que não tem nada a apresentar com sei lá quantas páginas que ela escreveu.

É isso…

Ah, não. Não é. Cláudia, respondendo sua pergunta: “EU!”

Agora, sim. É isso…

O que aconteceu com a professora Lobo foi que o texto dela não é bom o suficiente para esclarecer o recorte que pretende. Ela não se define entre um retrato literário, ao qual a comparação com os diários íntimos, mas sem generalizações, caberia. Ela não soube fazer um recorte sociológico competente, pois, fala sobre uma democratização do espaço e insere a mulher como se fosse a unica beneficiada do avanço. Além de tudo o livro é lotado de contradições sobre o caráter de escrita e exposição feminina nos blogs. Ela diz que a mulher pode se mascarar e criar uma ficção de si, depois ela diz que o blog é bom mesmo pra mulher ser ela mesma sem que ninguém interfira, depois ela diz que a exposição destas mulheres leva a uma maior interferência alheia nos seus cotidianos…
Sério, eu li o livro. O que posso confirmar é que a professora cometeu um equívoco, talvez pela falta de aprofundamento e pesquisa. E falta de pesquisa não cabe à uma doutora.

1 – Coloque a mao em sua boca.
2 – Faça um desejo em sua mao.
3 – Coloque sua mao em seu coraçao durante 5 segundos.
4 – Coloque esse comentario em mais 3 espaços virtuais.
5 – Amanha voce tera a melhor dia da sua vida.

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