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Mulheres Digitais: Respeito

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Na terceira edição, o Mulheres Digitais sai do campo dos sucessos e feitos no mundo digital para falar de respeito. Em tempos de agressões livres sobre todes nós, as palestras prometem falar muito sobre o assunto.

Confesso que sempre torço um tanto o nariz pro evento, porque capitaneado por um homem, ele tem gosto de mansplaining. Todavia, entretanto, contudo, o palco é tomado por mulheres maravilhosas, com histórias e casos que nos ajudam a avançar na luta de todo dia.

No dia 15 de outubro não será diferente. O Mulheres Digitais começará às 9h da madrugada com as marceneiras Fernanda Sanino e Letícia Piagentini contanto sobre como é empreender em um ambiente tipicamente masculino. 9h45 tem a doutora Cândida Almeida, da Casper Líbero, falando sobre a cultura (velada? Eu acho que é aberta mesmo) das violências contra as mulheres. Logo depois entra Anna Castanha falando sobre a ignorância sobre as questões de gênero e orientação sexual. E na sequência, Maria Rita Casagrande fala sobre sororidade, raça e respeito.

Morreu de amor? Calma que logo depois da palestra da Maria Rita tem homenagem – e tô sabendo que é muito especial, de derreter coração mesmo.

Depois do almoço a tarde começará com a apresentação dos novos projetos do Mulheres Digitais para 2017. Às 14h50 Nathalia Blagevitch, que é professora tutora de direito do trabalho do Damásio Educacional, fala sobre a vida de deficiente física e reflete sobre o que é uma sociedade eficiente. Depois, Raquel Marques, presidente da Associação Ártemis, fala sobre a maternidade desamparada. Sim, aborto, violência obstétrica, saúde materna e gestação humanizada no palco.

Para encerrar, às 16h45, Carol Patrocínio, do Comum.vc, recebe convidadas para responder às perguntas que homens fazem sobre o feminismo. O bloco será transmitido ao vivo na página do evento no FB.

Para comprar o ingresso, que tem preço único de R$ 99,00, basta acessar o site do evento: http://eventomulheresdigitais.com.br

Foto: Lucia Freitas

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Blogueiras Negras promovem I Encontrão em Recife, São Paulo e Belo Horizonte

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[Momento orgulho total absoluto preto radiante: vai ter Encontrão das Blogueiras Negras. Muito orgulho das mulheres negras em luta, que se encontram, se qualificam cada dia mais para a luta delas – que é mais feia que a das brancas. Emocionante viver isso. Orgulho muito destas mulheres irmãs.]

O I Encontrão Blogueiras Negras é momento de formação contemplando as novas práticas de combate à violência doméstica contra a mulher, pensando, sobretudo no combate ao racismo e misoginia dentro e fora da internet. Nossas oficinas vão discutir temas estratégicos sobre os direitos sexuais e reprodutivos, como o aborto, autonomia e direito ao próprio corpo, a partir criação de narrativas construídas por e para mulheres negras. Sendo esse espaço pensado para o acolhimento das mulheres negras.

Com o objetivo de promover a reunião em diferentes cidades (São Paulo, Recife e Belo Horizonte), o Encontrão visa informar, capacitar e fortalecer o posicionamento dessas mulheres quanto ao combate ao racismo, opressão de gênero com ênfase na violência de doméstica, promovendo a palavra como meio de luta através de diferentes ferramentas de comunicação e as novas mídias.

As oficinas, simultâneas e continuadas, levarão informação para as mulheres sobre os temas segurança virtual, feminismo negro, escrita criativa, rap e poesia, audiovisual, criação de blog e fanzine. As oficineiras convidadas para o Recife, Jéssica Ipólito do blog Gorda e Sapatão e Rayza Oliveira do Cine club Bamako trarão transversalmente os temas relacionados ao feminismo negro e combate as violências.

Além das oficinas, haverá ainda a Feira das Pretas com afroempreendedoras expondo e vendendo suas produções como roupas, bijuterias, acessórios, comidinhas e afins.Pensando no necessário acolhimento das crianças, haverá uma creche solidária para que as mamães possam participar das oficinas com maior tranquilidade, sabendo que suas crianças estarão sob cuidados de outras mulheres negras, dedicadas a garantir a segurança, bem estar e diversão através da apresentação de filmes, contação de estórias, leitura, por exemplo.

Para encerrar esse momento tão especial, haverá atrações culturais para tornar ainda mais inesquecível nosso momento final de confraternização quando vamos comemorar todo esse tempo em que tivemos com as mãos dadas construindo novas teias narrativas de vida e de possibilidades.

As inscrições para as oficinas em Recife podem ser feitas no site: http://encontraoblogueirasnegras.com/pernambuco/

E as Afroempreendedoras podem se inscrever em:
https://docs.google.com/forms/d/1mg9b6ywE1mylNpwDflTygczKHV19R_27UUcMDkOXz3A/edit?ts=57ef07c1

Descontos: Mulheres negras que são Blogueiras Negras, Blogueiras Feministas e Mulheres Trans tem desconto nas oficinas!

 

Variável:

Em Recife, o Encontrão será no próximo dias 22 e 23 de outubro, no Museu da Abolição.
Em São Paulo, nosso Encontrão será no próximo dia 19 e 20 de novembro, no CCJ.
Em Belo Horizonte, nosso Encontrão será dia 12 e 13 de dezembro, no local ainda a confirmar.

Serviço
O que:
I Encontrão Blogueiras Negras
Onde: Recife (Museu da Abolição) São Paulo (CCJ), Belo Horizonte
Quando: 22 e 23 de outubro; 19 e 20 de novembro; 12 e 13 de dezembro
Insçricões: http://encontraoblogueirasnegras.com/ http://encontraoblogueirasnegras.com/pernambuco/

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Ações e Campanhas

Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe

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“A cada dois dias, uma brasileira (pobre) morre por aborto inseguro, problema ligado à criminalização da interrupção da gravidez e à violação dos direitos da mulher”.

Eu sempre fui contra o aborto, e mais: sempre disse que jamais faria um. Repetia todos as frases prontas e preconceituosas que a maioria das mulheres “pró-vida” repetem à exaustão. 

Sempre namorei; relacionamentos longos, estáveis. Alguns, com caras legais, outros nem tanto e uma vez achei que estava grávida do namorado mais babaca que tive. Os pais dele disseram, na minha cara, que se eu estivesse grávida, mandariam ele pro exterior. Eu fiquei chocada com aquilo, mas, aos 20 anos, era uma bobona e não revidei, não respondi e, felizmente, não estava grávida. Se estivesse, minha mãe disse que me apoiaria, caso eu quisesse abortar. Tenho certeza que era por causa do cara. O namoro terminou no ano seguinte.

Alguns anos depois, namorando o sujeito que viria a ser meu marido, descobri que estava grávida: tomava pílula e ela falhou. Acontece. Estávamos juntos há pouco tempo, não tínhamos nada estruturado e eu nem sabia se queria ter filhos, com ele ou com outra pessoa. 

Naquela época, eu não sabia absolutamente nada sobre feminismo, aborto, nada. Era o auge do blog Mothern e seu Livro de Visitas cheio de informações importantes. E foi ali, naquele ambiente seguro, que contei minha história e fui acolhida o tempo todo.

Mas foi uma colega de trabalho que sussurrou um nome: um médico conhecido pelos abortos seguros, recomendado, inclusive, por outres ginecologistas. 

Marquei consulta, o namorado foi comigo. O médico esclareceu todas as nossas dúvidas e foi enfático: pensem bem e tomem a decisão mais consciente, porque não tem como voltar atrás, em nenhum dos casos. Por fim, fizemos o aborto, numa clínica, de forma segura e orientada. 

O pós aborto, no entanto, foi muito duro, pra mim: tive crises de pânico, fiquei deprimida, me senti um lixo, a pior das mulheres. A tal culpa católica bateu forte. 

Poucas pessoas souberam e dessas poucas, uma ou duas me julgaram por suas próprias réguas: foi quando senti, na pele, que falar sobre aborto ainda era um tabu muito grande. Eu não tinha com quem conversar sobre esse e outros assuntos e me sentia muito sozinha. Felizmente, o feminismo surgiu na minha vida alguns anos depois. Foi então que descobri muitas coisas sobre esse assunto, entre elas, que fui muito privilegiada e sortuda por ter tido acesso a um aborto seguro, com meu namorado ao meu lado e principalmente, por ter tido a chance de escolher não seguir com uma gravidez indesejada.

Defender a descriminalização do aborto é defender que todas as mulheres, sem exceção, tenham o direito a autonomia sobre nossos corpos, nossas vidas, nossos planos e sonhos. Uma gravidez acontece a dois. Evitar, prevenir, planejar, é responsabilidade do homem e da mulher. Mas não é o que acontece no Brasil. Aborto é caso de saúde pública, já que o número de mulheres que morrem em decorrência de procedimentos mal feitos é muito alta. 

Não vou me alongar mais. Pra quem quiser saber mais, deixo o link que me motivou a escrever esse relato: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-09-20/clandestinas-retratos-do-brasil-de-1-milhao-de-abortos-clandestinos-por-ano.html

 

Por todas nós. Pela autonomia dos nossos corpos. Pela vida das mulheres. 

foto: Midia Ninja – CC-BY-SA

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Encontros São Paulo

LuluzinhaCamp em julho na Kød

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Finalmente conseguimos. Dia 31 de julho, das 10h às 18h teremos encontro na Kød. Cortesia da casa – onde a nossa querida Mafrinha anda fazendo o melhor cheesecake de São Paulo.

O que vai ter?

Desconferência, como sempre, porque a gente é roots e segue fazendo roda de conversa como dá na veneta.

Os temas já estão mais ou menos delineados. A saber:

negócios das mulheres: quem são nossas empreendedoras, onde estão, o que fazem? Aqui todo mundo contribui para o desenvolvimento do negócio, desde comunicação, estrutura, decoração, otimização, produção, enfim cada um com seu know how ajuda o negócio da amiguinha a acontecer.

Oficina de desenvolvimento de Modelo de Negócio: temos muitas empreendedoras e não sei se todas conhecem o Canvas e sua metodologia, muitas vezes não há tempo pra fazer o plano de negócio, mas se conseguir desenvolver o modelo e depois evoluir já pode ser uma mão na roda.

Roda de conversa sobre organização: sim, temos várias discípulas de Marie Kondo e algumas com métodos próprios, cof, cof, Érica Minchin (que não estará, mas sempre está nos nossos corações). Vamos debater, compartilhar e mostrar como praticar isso nas muitas esferas de vida.

– Como ajudar quem precisa mais que a gente? Mafrinha explica a proposta: essa galera que morreu de frio nas ruas me chacoalhou e eu quero sair da inércia, mas não sei como. E honestamente, e preconceituosamente, tenho medo de ir a certos lugares levar doações, comida, ajuda, atenção. Mas não da pra eu ficar sentadinha no meu conforto sabendo da galera fodida que vive nas ruas de SP. Alguém sabe como agir?

Crenças limitantes, síndrome do impostor e os bloqueios mentais que a gente enfrenta por aí. Desabafo coletivo guiado.

– Finanças pessoais: como cuidar, resolver problemas e ser uma pessoa mais rhyka. Com Evelin Ribeiro

Emoções #comolidar, com Carla do Brasil

Roda de bordado livre – organização da Carla, também. Material comprado por cada uma.

Inscrições abertas!

Preencha o formulário.

Contribuição para o encontro: R$ 20,00






Leve sua caneca, comida (bacana, por favor) e bebidas.

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Juntas somos fortes

“Companheira me ajuda, eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”


Ontem em São Paulo, Rio de Janeiro e várias outras cidades do Brasil aconteceram manifestações chamadas Por Todas Elas. Organizadas por vários coletivos feministas o foco era o caso da adolescente estuprada por 33 homens no Rio. Elas são as 9265 vítimas dessa violência que prestaram queixa no ano passado no estado de São Paulo. Elas são as 3242 mulheres que de janeiro a abril deste ano relataram os abusos que sofreram, também em São Paulo. Elas são as mulheres que são estupradas a cada 11 minutos em todo o país. Elas somos todas nós, mulheres, que temos medo de andar sozinha a noite, de andar em ruas escuras, de voltar a pé do metrô, de usar roupas curtas.


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Foto: Juliana Colombo


“1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33”


Esse crime gravíssimo contra uma adolescente chamou a atenção de todo o país, evidenciou machismos e como para muitas pessoas a vítima sempre tem grande parcela de culpa. O termo Cultura do Estupro passou a ser usado fora dos nichos feministas. As discussões que surgiram por conta desse absurdo são muito importantes e não podem esfriar.
O ato, apesar de sempre lembrar esse caso, chamou a atenção de outros retrocessos que as causas feministas vem sofrendo no país.


“Direito ao nosso corpo
Legalizar o aborto”


A legalização do aborto até a 12ª semana de gestação é um tema recorrente em manifestações feministas. E nesta quarta feira não foi diferente. Diversas músicas entoadas pelo grupo trataram desse tema que tem se tornado comum nas rodas de conversa, mas ainda é velado, criminalizado. Mulheres, principalmente negras e pobres morrem todos os anos em decorrência de procedimentos mal feitos. O dado mais recente que encontrei é de 2013 e segundo ele mais de 200 mil mulheres eram internadas na rede publica em decorrência de complicações do aborto.


“A Cada 11 minutos. Uma mulher é estuprada no Brasil. A culpa nunca é da vítima.”


A agenda feminista parece não ter fim. Cada manifestação traz mais um ponto que a sociedade precisa discutir. Até que sejamos de fato tratadas como iguais aos homens, não sairemos das ruas. Até que nossos corpos deixem de ser objetos. Até que nossas causas deixem de ser piada. Até que não sejamos vistas como menor, só por ser mulher. Vamos às ruas.


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Nem a chuva enfraqueceu a luta Foto: Juliana Colombo


Juntas somos mais fortes
Eu mulher, negra, resisto
Moça, a culpa não é sua, é do estado
Mexeu com uma, mexeu com todas
Para ela, a culpa, para eles, a desculpa
Eu não preciso de proteção, eu quero a sua reinvenção


*As aspas do texto são músicas cantadas durante o ato, e as frases que fecham foram tiradas de cartazes, camisetas e pixos do ato.